A Espanha captou nesta terça-feira mais de 3 bilhões de euros a taxas de juros em forte alta, com o país submetido a novas tensões nos mercados e concentrando as preocupações de seus sócios europeus às vésperas da reunião de Bruxelas de quinta e sexta-feira.
Nesta terça-feira, a Espanha captou 3,077 bilhões de euros através da emissão de títulos a três e seis meses.
Nos vencimentos a três meses, a Espanha teve que pagar juros de 2,362%, multiplicando quase por três o valor pago em sua última emissão de obrigações similar, em 22 de maio, de 0,846%. A seis meses, a taxa quase dobrou, para 3,237% (frente a 1,737%).
A demanda foi alta, de 8,325 bilhões de euros, segundo o Banco da Espanha, e o Tesouro pode captar uma soma ligeiramente superior a seu objetivo, que era de 2 a 3 bilhões de euros.
Esta emissão chega no dia seguinte à formalização de Madri de um pedido de ajuda à zona do euro para sanear seus bancos, fragilizados desde o estouro da bolha imobiliária de 2008. O montante exato, no entanto, só será divulgado no dia 9 de julho.
A Espanha anunciou na quinta-feira que precisaria de no máximo 62 bilhões de euros em um cenário extremo de crise, com base nos resultados de duas auditorias independentes sobre o setor, enquanto que a zona do euro já ofereceu uma ajuda de até 100 bihões de euros.
Contudo, a saúde do setor bancário espanhol continua sendo motivo de preocupação: a agência de classificação creditícia Moody's reduziu na segunda-feira entre um e quatro escalões a nota de longo prazo de 28 bancos do país.
Segundo a Moody's, os bancos enfrentam crescentes perdas pelos empréstimos imobiliários e a redução da nota da dívida soberana da Espanha contribuiu para o corte das classificações.
Os problemas da Espanha "não apenas afetam a capacidade do governo de apoiar os bancos, mas também influem nos perfis creditícios dos mesmos", disse a agência de classificação, que reduziu em 13 de junho em três escalões, a "Baa3", a nota soberana da Espanha.
"A Moody's prevê que a exposição dos bancos ao setor imobiliário comercial ampliará suas perdas, o que poderá aumentar suas necessidades de recorrer ao apoio financeiro externo", disse a agência.
Ao final de 2011, os bancos espanhóis acumulavam em seus balanços 184 bilhões de euros em ativos imobiliários considerados como problemáticos por seu valor incerto.
O ministro espanhol de Economia, Luis de Guindos, enfatizou nesta terça-feira que a ajuda europeia supõe condições horizontais para o conjunto do setor financeiro, que deverão fortalecer e corrigir as vulnerabilidades existentes não só para os bancos que recebem a assistência.
De Guindos tinha previsto participar na tarde de terça-feira em Paris de uma reunião com seu homólogos francês, alemão e italiano, destinada a acertar alguns pontos para a reunião europeia de quinta e sexta-feira, considerada decisiva para o futuro do euro.
O ministro espanhol voltou a defender uma nova união fiscal na Europa como forma de fazer frente à crise, enfatizando que a Espanha está disposta a "ceder soberania".