O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse hoje que as mudanças na política do Paraguai não vão alterar o comércio de energia da Usina Hidrelétrica Itaipu com o Brasil. Segundo ele, o governo brasileiro não teme retaliações do país vizinho.
“A venda da energia é regida por um tratado e por um acordo. E isso não pode ser alterado, a não ser pelos parlamentos dos dois países. E se houvesse alguma alteração no Congresso paraguaio, não haveria no Congresso brasileiro”, disse.
A hidrelétrica, construída e administrada por Brasil e Paraguai, tem 14 mil megawatts de potência instalada e atende a cerca de 19% da energia consumida no Brasil e a 91% do consumo paraguaio. O Tratado de Itaipu, firmado em 1973, estabelece que cada país tem direito a usar metade da energia gerada pela usina. Como utiliza apenas 5% do que teria direito, o Paraguai vende o restante ao Brasil.
De acordo com Lobão, o Paraguai não tem outro comprador possível para seu excedente de energia, a não ser o Brasil. “Se o Brasil eventualmente concordasse em entregar a energia do Paraguai para a direção deles, não teriam a quem vender a não ser o Brasil”. O ministro também lembrou que a usina tem uma administração autônoma, com diretores dos dois países.
O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, disse no último sábado (23) que o governo honrará todas as responsabilidades em relação à usina, inclusive pagando as dívidas e assegurando o abastecimento no país e as boas relações com o Brasil. Ontem, Franco indicou o engenheiro Franklin Anki Boccia para ser o diretor-geral paraguaio de Itaipu, mas a indicação ainda precisa ser referendada pelo Congresso do Paraguai.