A economia global deve ter baixo crescimento “por um período de tempo prolongado”, segundo análise do Banco Central (BC) divulgada hoje no Relatório de Inflação. “Neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação e, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária”, avalia o BC.
O Banco Central cita “o aprofundamento da crise europeia, a desaceleração na China e os temores quanto à sustentabilidade da recuperação da economia dos Estados Unidos da América”. Segundo o BC, no Brasil, “embora a recuperação venha se materializando de forma bastante gradual”, a atividade tende a ter uma aceleração nos próximos trimestres.
O relatório acrescenta que os efeitos da crise econômica externa somados à moderação da atividade econômica no Brasil foram maiores do que se antecipava. Segundo o BC, os efeitos da crise externa no país são transmitidos pela piora na confiança dos empresários, redução dos fluxos de comércio exterior e dos investimentos.
Por outro lado, o relatório destaca que a atividade econômica será favorecida pelas transferências de recursos públicos, pelo “vigor” do mercado de trabalho, com taxas de desemprego “historicamente baixas” e crescimento dos salários. O BC também avalia que as reduções da taxa básica de juros, a Selic, desde agosto do ano passado, ainda irão gerar efeitos de estímulos à economia. “As ações de política monetária levam certo tempo para afetar atividade [e a inflação], e os impactos de uma sequência de ações vão se sobrepondo no tempo”, diz.
No relatório, o Banco Central reforça que “mesmo considerando que a recuperação da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que se antecipava, o Copom [Comitê de Política Monetária] entende que, dados os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, qualquer movimento de flexibilização monetária adicional [redução da Selic] deve ser conduzido com parcimônia”.