O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que a nova previsão de crescimento da economia brasileira de 2,5%, divulgada nesta quinta-feira, contempla um cenário de recuperação, que já está ocorrendo, e destacou que, no segundo trimestre deste ano, a taxa de crescimento foi maior que no primeiro trimestre.
Ele admitiu que a expansão da atividade de janeiro a março de 0 2% "não foi bom". "Foi menor do que esperávamos. Por outro lado, a projeção mostra cenário em que a economia está crescendo mais no segundo trimestre e, mais ainda, no segundo semestre", afirmou. Segundo ele, as incertezas na economia internacional tornam mais difícil para a instituição e demais agentes fazer projeções. Por isso, as revisões têm sido mais frequentes e maiores.
Disse ainda que a economia cresceu menos que o esperado e a recuperação tem sido bem gradual. "Por isso, revisamos o PIB. Certamente, o ambiente externo pesa."
Apesar disso, o BC está otimista em relação ao desempenho da economia, em razão das medidas já tomadas de incentivo ao crescimento, como redução de juros, corte de IOF e mudança no nível do câmbio.
Ele destacou a confiança dos consumidores, que é "um aspecto importante na visão de qualquer empresário". Araújo lembrou que a confiança das famílias segue em patamar historicamente alto. O mesmo acontece no setor de serviços.
Mercado de trabalho
O diretor do BC salientou ainda que o mercado de trabalho brasileiro segue resistente à crise internacional. "Um mercado de trabalho modelando pouco é diferente de ter mercado de trabalho fraco", disse o diretor. Para ele, conforme a economia for reagindo, no segundo semestre deve haver uma resposta significativa do mercado de trabalho, conforme sinalizam os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). "O mercado de trabalho é o último que reage e, se nosso cenário se confirmar, não devemos esperar uma fragilização do mercado de trabalho", previu.
Crédito
Araújo rechaçou a hipótese de que o mercado de crédito brasileiro esteja passando por qualquer deterioração. "Não há qualquer elemento que justifique um problema no mercado de crédito no Brasil", considerou. "Estamos em um momento ruim, mas a tendência é melhorar, as taxas têm recuado", considerou.
Para ele, o crédito habitacional subiu nos últimos anos e isso explica um aumento do endividamento maior das famílias brasileiras. "Isso faz com que a família também se livre do aluguel, é empréstimo de longo prazo", justificou.
Ele acrescentou que a tendência do comprometimento da renda é "claramente declinante". "O endividamento é de cerca de 43%, mais baixo do que em outras economias com o mesmo estágio de desenvolvimento do Brasil", comparou. "O comprometimento de renda das famílias recuou para 22,1% em abril e estamos antecipando um novo recuo das taxas em junho", continuou.