Foram arrematadas as seis sucatas de aeronaves postas à venda hoje (28) no leilão da Varig, Rio Sul e Nordeste Linhas Aéreas, pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Até o início da tarde foram arrecadados R$ 153 mil dos R$ 180 mil previstos. Imóveis avaliados em mais de R$ 40 milhões, em várias cidades, também estão sendo leiloados.
Entre as antigas aeronaves, o valor mais alto, de R$ 48 mil, foi pago pelo Boeing 727-41, avaliado em R$ 30 mil. Estacionado no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), o boeing despertou a atenção de empresas locais, que querem fazer da peça uma atração turística. A previsão do comprador é instalá-lo dentro de um pequeno shopping.
"A história da companhia no Rio Grande do Sul [onde a empresa foi fundada] é muito forte e queremos preservar um pouco isso", disse o representante da Ferrutti Empreendimento e Participações, Claudio Brueckheimer, que arrematou a peça. A empresa deve reformar a antiga aeronave e colocá-la em uma área destinada para crianças. "Será para o lazer", destacou.
De acordo com o juiz que determinou a realização do leilão, Luiz Roberto Ayoub, titular da 1º Vara Empresarial da Capital, o valor arrecadado será destinado ao pagamento de empregados que continuaram trabalhando depois da falência da Varig e, posteriormente, a um grupo de funcionários e credores, como o Aerus Fundo Previdenciário. Fornecedores estão no final da fila.
"Vou propor ao Ministério Público [Estadual] fazer um rateio pro rata [proporcional] porque, se eu efetuar o pagamento de imediato, vou esgotar os recursos na primeira classe [empregados que continuaram trabalhando na massa falida]. Mas não me parece muito justo porque os demais trabalhadores e o fundo de pensão já passam por dificuldades há tempos", declarou.
O juiz também pretende fazer ainda este ano pelo menos mais um leilão de imóveis da Varig. "À medida em vão sendo desocupados, são colocados à venda", disse Ayoub. Hoje, do total de 137 imóveis, estão sendo leiloados 37. O mais barato deles é um terreno de R$ 110 mil em Maceió. E, na Avenida Paulista, em São Paulo, estão os imóveis mais caros, salas comerciais.
Se toda a documentação entregue ao tribunal estiver correta e o pagamento for efetuado dentro do prazo, a estimativa é que os compradores possam retirar os bens em até 30 dias.
A Varig tem cerca de 13 mil credores, que contam ainda com a venda de imóveis no exterior, em países como o México, Paraguai e Uruguai. A Justiça brasileira briga para que a falência da companhia seja reconhecida nesses países e os imóveis mais bem avaliados sejam leiloados.