Duas centenas de acionistas do Bankia, que perderam as economias que possuíam, chegaram nesta sexta-feira furiosos e pediram "cabeças" em sua primeira assembleia geral desde o anúncio do resgate público, de mais de 23 bilhões de euros, deste banco espanhol.
"É preciso cortar cabeças", afirma Elizabeth González, uma aposentada de 57 anos, que fazia fila para entrar no Palácio do Congresso de Valência, no leste da Espanha, em meio a um ambiente muito tenso. Assim como outras milhares de pessoas, Elizabeth González perdeu uma boa parte de seus investimentos, "dezenas de milhares de euros".
"Perdi uma economia de dez anos e vim buscar o que me devem. Tenho vergonha de meu país", diz. Desde a entrada em bolsa do Bankia, suas ações perderam mais de 70%, passando de 3,75 euros para menos de um euro atualmente. Principalmente porque muitos confiaram em seu banqueiro e compraram participações preferenciais, produtos complexos que deviam rentabilizar juros e acabaram convertidos em ações.
Alfredo Anchel, um aposentado de 64 anos, diz que perdeu 25.000 euros. "São ladrões. É uma vergonha", disse sua esposa. O anúncio em maio do resgate público do Bankia, o mais caro da história da Espanha por 23,5 bilhões de euros, precipitou a crise que gerou o pedido de ajuda por parte da Espanha ao Eurogrupo para sanear seu setor financeiro. Os membros do Eurogrupo se mostraram a favor de emprestar até 100 bilhões de euros e esperam pela definição da cifra de Madri.