Após desembarcar em São Paulo, vindo de Mendoza, na Argentina, onde participou de reunião do Mercosul, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem reunião marcada para as 15 horas com representantes da indústria de eletrodomésticos da linha branca, móveis e varejo. E tudo o que eles esperam ouvir do ministro é o anúncio de que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para estes produtos será estendida por pelo menos 90 dias. A vigência do estímulo, adotado em dezembro, termina amanhã.
"Estamos com uma expectativa muito grande", disse à Agência Estado o presidente de Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula. Perguntado se o martelo já tinha sido batido em relação à decisão governamental de prorrogar o benefício fiscal, Kiçula preferiu dizer que as chances são de 90%.
Para o presidente da Eletros, se a vigência do IPI reduzido para a linha branca for prorrogada, as vendas de geladeiras, lavadoras automáticas e semiautomáticas e fogões deverão crescer 5% sobre os resultados do ano passado. "Se não for, teremos um ano com resultado de vendas negativo", disse.
No setor moveleiro, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez, diz que houve uma melhora palpável no resultado das vendas, em grande medida proporcionada pela queda do IPI. Segundo ele, os estoques estão diminuindo e ele tem grande expectativa também de que o governo prorrogue a desoneração por mais 90 dias.
Já para o presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), Fernando de Castro, a expectativa é de que a redução do IPI seja prorrogada não apenas por 90 dias, mas até o fim do ano. "Essa foi a nossa posição nas reuniões que tivemos com o Ministério da Fazenda", disse Castro. Para ele, se a desoneração for estendida até o fim do ano, as vendas da linha branca e móveis deverão crescer de 20% a 25% em 2012 em relação ao ano passado. "Se o IPI não for prorrogado, fecharemos o ano com um crescimento de 5%, ou seja, perderemos de 15 a 20 pontos de crescimento. Há ainda muito mercado para máquinas de lavar, por exemplo, que segundo os últimos dados disponíveis estão presentes em apenas 50% dos lares."
Para o presidente da Eletros, o impacto da redução do IPI sobre as vendas do setor de linha branca é muito forte. O benefício foi concedido pela primeira vez em dezembro. Já naquele mês as vendas cresceram 5% e mudaram toda a curva do ano: as expectativas eram de queda, mas o ano fechou com resultado igual ao de 2010, que já tinha crescido 10% sobre as vendas totais em 2009.
Em 2011 foram vendidos, de acordo com Kiçula, 6,4 milhões de geladeiras, 3,7 milhões de máquinas de lavar automáticas, 3,04 milhões de semiautomáticas e 4,7 milhões de fogões. Desse total, dezembro respondeu sozinho por 5% das vendas. E o impacto da redução do IPI se estendeu também às vendas dos primeiros meses deste ano. Em janeiro e fevereiro, as vendas cresceram entre 5% e 10%, mas em abril foi registrada queda de 5%.
"Isso nos deu um grande susto, mas em maio nos recuperamos, crescendo 5%", disse Kiçula. "Para junho, não temos os dados ainda, mas a sensação da indústria é muito boa."