A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, descartou nesta sexta-feira a aplicação de qualquer sanção econômica ou comercial ao Paraguai, mas condenou o país pela “ruptura da ordem democrática”. Cristina falou na abertura da reunião extraordinária da União de Nações Sul-americanas (Unasul), na cidade argentina de Mendoza, convocada especialmente para discutir a destituição de Fernando Lugo da Presidência do Paraguai, na sexta-feira, e a posse de seu vice, Federico Franco.
Cristina lembrou que os países da região sempre condenaram bloqueios comerciais porque acabam prejudicando a população do país. “Os governos nunca pagam [o preço] das sanções econômicas. Quem paga sempre é o povo”, disse Cristina, no discurso.
Mas segundo ela, o controvertido processo de impeachment de Lugo provocou temor numa região com um passado de golpes de Estado. “O que nos une não é o amor, é o espanto”, disse, citando uma famosa frase do escritor argentino Jorge Luis Borges.
Ela chamou o impeachment relâmpago de parodia de julgamento político, argumentando que em nenhum país do mundo ocidental um presidente é condenado com tanta rapidez, com tão pouco tempo para se defender das acusações.
Participaram da reunião da os presidentes de oito dos 12 países membros da Unasul. Colômbia, Venezuela e Guiana mandaram seus chanceleres. Já o novo presidente do Paraguai, Federico Franco, foi excluído.
O governo de Franco divulgou um comunicado na quinta-feira (28) afirmando que não vai aceitar qualquer decisão tomada em Mendoza porque ninguém, a não ser o presidente do Paraguai, poderia ter convocado a reunião. O Paraguai exerce a presidência pro tempore da Unasul.
A reunião extraordinária foi convocada para coincidir com a cúpula do Mercosul. Nesta sexta-feira, os presidentes do Brasil, da Argentina e do Uruguai se reuniram para definir os termos da suspensão do Paraguai do bloco de integração regional, criado há 21 anos pelos quatro países.