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Estado de Minas

Preocupada com falta de reação, Dilma avisa que foco será só no crescimento

Mercado volta a reduzir previsão, agora para 2,05%


postado em 03/07/2012 06:00 / atualizado em 03/07/2012 07:51

Brasília – Preocupada com o fraco crescimento do país em 2012, a presidente Dilma Rousseff mandou avisar: não vai participar de campanha política até que garanta um desempenho mais forte para a economia. Os indicadores apresentados pela equipe econômica à presidente, sobretudo as análises do Banco Central impressas no último Relatório Trimestral de Inflação, causaram ao Palácio do Planalto a sensação de que os esforços do governo têm sido em vão e que, até o momento, serviram apenas para não piorar o quadro do comércio e da indústria. O mercado, ainda mais pessimista, revisou pela oitava semana seguida a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país), derrubou de 2,18% para 2,05% – uma clara mensagem de que não acredita nas medidas adotadas pelo Ministério da Fazenda.

Dilma Rousseff quer mudar desempenho econômico fraco, mas incentivos concedidos até agora têm pouco efeito para os analistas financeiros(foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS)
Dilma Rousseff quer mudar desempenho econômico fraco, mas incentivos concedidos até agora têm pouco efeito para os analistas financeiros (foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS)

A presidente, em conversas com integrantes da base aliada, tem dito que sua prioridade é o crescimento do país e que por isso não deve entrar na campanha. A missão de pisar nos palanques foi transferida ao vice-presidente, Michel Temer, que deve viajar bastante nos próximos meses, mas apenas para as cidades consideradas estratégicas. Os partidos da base, no entanto, garantem não terem se frustrado com a notícia. “Isso não preocupa, é um comportamento correto e responsável da presidente, ainda mais em meio a essa crise internacional”, disse Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara. “Talvez no segundo turno tenhamos a presidente na campanha, será outro momento da economia e também das eleições, com menor número de cidades em disputa. Além disso, são 14 partidos na base, não dá para a presidente atender a todos”, avaliou o deputado.

Dilma está assombrada com a dificuldade de reação da economia brasileira mesmo após todos os estímulos dados ao país e também com a reclamação do empresariado, tanto que tem convocado o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sempre que possível. Ela está preocupada ainda com os impactos do fraco desempenho econômico sobre sua popularidade, Dilma tem a percepção de que uma economia ruim pode transformar em vilão qualquer presidente e, por isso, contratou um instituto para avaliar esse desempenho com maior constância. Analistas e empresários tem se queixado de que as medidas do governo são pontuais, de curto prazo e que atendem apenas a setores que falam mais alto e tem lobby organizado. Reclamam ainda que o consumidor está altamente endividado e sem espaço para novas prestações, o que tem travado as vendas.

Competitividade “As medidas impediram apenas que o pior se estabeleça”, disse Newton Rosa, economsita-chefe da Sul América Investimentos. “A indústria precisa recuperar a competitividade que perdeu frente aos importados, mas isso não se faz apenas com desvalorização do câmbio”, observou. Para Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, a decisão do governo de acelerar os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a prorrogação do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) reduzido para produtos de linha branca e móveis também não surtirão efeito. “Não será suficiente para reanimar as expectativas de crescimento econômico. O mercado aposta, inclusive, que o BC terá de desacelerar o ritmo de queda de juros”, argumentou.

Consumidor está menos confiante


Brasília – Depois de uma onda de otimismo em maio, a confiança do consumidor brasileiro caiu 1,7% em junho na comparação com o mês anterior, de acordo com a pesquisa Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice recuou de 114,6 para 112,6 de um mês para o outro, voltando ao mesmo patamar verificado nos meses de abril deste ano e do ano passado. Na avaliação da CNI, a queda deve ser atribuída, principalmente, a uma preocupação maior com o desemprego e com uma situação financeira mais desfavorável. Estes são dois dos seis componentes do Inec.

Para o economista da entidade, Marcelo Azevedo, a diminuição do indicador em junho não é motivo de preocupação, já que continua em um patamar elevado e segue no mesmo nível dos últimos 12 meses. “Mas demonstra claramente que o aumento de abril para maio, de 113 para 114,6, foi incomum, um ponto fora da curva”, comparou. Conforme pesquisa divulgada à imprensa, o indicador que mede a expectativa em relação à manutenção do emprego teve uma queda de 7,8% de maio, quando estava em 135,2, para 124,6 em junho. “Foi forte esse aumento em relação ao medo do desemprego, chamando a atenção. Apesar disso, o indicador continua na média dos últimos 12 meses”, disse Azevedo.

O índice que mede a situação financeira dos brasileiros retomou a trajetória de queda, que havia sido interrompida em maio. O indicador recuou 3%, de 114,4 para 111. Esta foi a quarta queda no ano, o que levou o indicador a registrar o menor patamar desde setembro de 2009. “A avaliação do consumidor em relação a sua própria situação financeira está bastante negativa.” A preocupação do brasileiro com os preços da economia também voltou a aumentar, conforme o levantamento da CNI. O índice que mede a expectativa de inflação recuou 1,5%, de 144,2 para 112,5. Como quanto maior o indicador, melhor a percepção do consumidor em relação a um assunto, a diminuição da expectativa em relação à inflação significa que há uma preocupação maior sobre uma possível disparada dos preços.

De qualquer forma, Azevedo salientou que a piora deste segmento não é preocupante, pois foi a primeira queda em seis meses depois de cinco altas seguidas e segue em um patamar elevado. O endividamento dos consumidores também ainda não é motivo de alarme, conforme a pesquisa Inec, já que o indicador relativo de endividamento melhorou no mês, subindo 0,2%, de 105,1 para 105,3. “Ainda que o indicador esteja baixo, está na mesma faixa em que se encontrava há um ano”, trouxe o comunicado à imprensa. Em relação às compras de maior valor, o indicador teve queda de 0,2%, de 112,1 para 111,9. O Inec foi realizado entre os dias 16 e 19 de junho pelo Ibope Inteligência a partir de 2.002 entrevistas em 141 municípios.


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