O Euribor e o Líbor, no epicentro do escândalo financeiro que afeta o banco britânico Barclays, são taxas interbancárias através das quais uma entidade empresta ou toma emprestado de outra e que repercutem tanto nos cartões de crédito quanto nos créditos a particulares e empresas.
O Barclays anunciou na quarta-feira passada que iria pagar 290 milhões de libras (360 milhões de euros, 450 milhões de dólares) de multa em troca de encerrar as investigações dos reguladores britânico e norte-americano por manipulação das taxas interbancárias.
O "mercado interbancário" permite aos bancos emprestar dinheiro entre si ou pedi-lo emprestado quando os montantes de seus depósitos são superiores ou inferiores à demanda de crédito de seus clientes.
É um mercado sem regulamentação, que opera sobre a base da confiança, ao qual os bancos recorrem diariamente para equilibrar suas contas. A circulação de liquidez neste mercado é essencial para o bom funcionamento do sistema bancário e financeiro.
As taxas interbancárias mais conhecidas e utilizadas são o Libor (London interbank offered rate) e o Euribor (Euro interbank offered rate).
O vencimento destes empréstimos oscila entre uns dias até 12 meses e as taxas são fixadas uma vez ao dia, às (09H00 GMT, 06H00 de Brasília, no caso do Euribor e às 10H00 GMT, 07H00 de Brasília, no Libor).
O Euribor é a referência dos intercâmbios dos bancos da zona do euro e cobre um conjunto de 43 entidades.
O Líbor é privilegiado pelos bancos anglo-saxões, apesar de possuir uma taxa específica para várias grandes divisas, como o dólar, o euro ou a libra esterlina. Para cada taxa, agrupa um painel de 6 a 18 bancos.
Estas taxas interbancárias têm repercussões no conjunto da esfera financeira, em particular os produtos financeiros derivados que movem somas gigantescas. Também servem de referência indireta para os créditos ao consumo de particulares e empresas.
O Barclays foi sancionada pelos reguladores por utilizar esta taxa para servir seus próprios interesses nos derivativos.
O mercado interbancário já havia sido notícia pela queda do banco de negócios Lehman Brothers, que provocou a paralisia dos empréstimos interbancários por vários meses.
O Libor e o Euribor chegaram a alcançar níveis recordes, pois nenhum banco confiava nos demais. Os bancos centrais se converteram em bancos credores, enquanto vários Estados aceitaram garantir os empréstimos de seus bancos para facilitar o refinanciamento da dívida.
O mercado interbancário cria na realidade uma grande interdependência entre os bancos e a quebra de um deles, hipótese praticamente descartada até o caso do Lehman Brothers, pode arrastar todo o setor.