O aumento no ritmo de alta na taxa de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) na primeira quadrissemana de julho deve ser momentâneo, afirmou nesta segunda-feira, em entrevista à Agência Estado, o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entre a pesquisa com término em 30 de junho e o levantamento que abrangeu os últimos 30 dias até sábado, dia 07, o indicador avançou de 0,11% para 0,19%. "Houve uma pequena aceleração, mas que não exclui a tendência de desaceleração", disse, acrescentando que a FGV ainda acredita em uma variação abaixo de 0,11% para o IPC-S fechado em julho.
Os preços dos alimentos, que vêm sendo impulsionados pela inflação dos produtos in natura, voltaram a pressionar o índice cheio para cima, na avaliação de Braz. O grupo Alimentação saiu de uma elevação de 0,74% no fechamento do dado, em junho, para 0 84%, puxada pelo aumento "extraordinário" nos preços do tomate (de 15,52% para 17,71%) e da batata inglesa (de 16,68% para 14 99%).
Ao desconsiderar a alta dos dois produtos, o economista da FGV ressalta que a inflação em Alimentação cairia à metade, para algo em torno de 0,50%, já que a influência dos itens sobre o grupo é "grande". "A alta será temporária, pois são itens que só sofrem reajuste por força de variações na oferta do produto. O clima não está propício à oferta regular desses alimentos, mas não é uma tendência duradoura. A próxima medição do IPC-S já deve mostrar desaceleração dos preços (da Alimentação)", estimou. Vale lembrar que o grupo compromete em média 23,40% do orçamento familiar, de acordo com a FGV.
Embora o conjunto de preços de Educação, Leitura e Recreação tenha abandonado a deflação registrada na última medição de junho (-0,10%) e registrado alta de 0,23% na primeira quadrissemana de julho, o economista da FGV estima que o grupo pode voltar ao campo negativo ainda este mês. A explicação, segundo Braz, é que os aumentos registrados no item excursão e tour (de -1,36% para +0,72%) poderão não ser repetir.
"Em junho, véspera de férias escolares, os preços de passagens aéreas, hotelaria, cinema e shows sobem, aproveitando a maior demanda que acontece em julho. À medida que o mês já começou, não há mais espaço para novas altas. A tendência desses serviços de passeios de férias é de desaceleração", estimou.