A China – segunda maior economia do planeta e principal parceiro comercial do Brasil – pode enfrentar tempos difíceis, alertou ontem o primeiro-ministro Wen Jiabao. "O índice de crescimento econômico está dentro das margens fixadas anteriormente este ano e as políticas de estabilização funcionam, mas a recuperação econômica não é estável", declarou Wen durante visita à província de Sichuan.
As previsões do líder, de que as dificuldades podem continuar ainda durante um bom tempo, não são nada boas para a economia brasileira. Desde o início da crise mundial, em setembro de 2008, o país viu minguarem as exportações para seus dois tradicionais grandes parceiros – Estados Unidos e Europa –, enquanto as relações comerciais davam um salto com a Ásia, em grande parte devido às compras chinesas.
Mas em razão da desaceleração do comércio global, o governo brasileiro já foi obrigado a rever para baixo suas expectativas. No último relatório de inflação, divulgado no fim do mês passado, o Banco Central (BC) reduziu em R$ 3 bilhões o saldo da balança comercial este ano – de US$ 21 bilhões para US$ 18 bilhões. Os últimos dados sobre a economia chinesa, por sua vez, dão conta de que a China cresceu "apenas" 7,6% no segundo trimestre, o pior desempenho dos últimos três anos.
A previsão chinesa parece positiva se comparada ao crescimento esperado para a economia mundial – não mais que 3,3% este ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) – e aos 2,5% esperados para o Brasil, conforme projeção do BC, já considerada otimista. O mercado estima uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, no máximo, em torno de 2%. Mas o percentual é pouco para a China e evidencia sua forte desaceleração frente os resultados de 2010, de 10,4%, e do ano passado (9,2%).
MEDIDAS Diante da dificuldade em manter o ritmo, Jiabao pediu grandes esforços para fortalecer a vitalidade e o dinamismo do crescimento econômico. "Precisamos avaliar a situação de forma exaustiva e reconhecer os problemas", disse. Segundo o primeiro-ministro, o governo dará prioridade à criação de postos de trabalho. Para tanto, tratará de impulsionar a atividade das empresas privadas nacionais e estrangeiras, além de garantir ajuda financeira e incentivos fiscais às companhias exportadoras, afetadas pela queda da demanda no exterior.