Apesar do endividamento das famílias e do ritmo lento do mercado externo que influenciaram a queda de 0,3% da prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI) de julho, as últimas medidas do governo de incentivo à economia já tiveram resultado sobre as expectativas da indústria de bens duráveis, sobretudo a automobilística. A pesquisa revela ajuste no estoque das montadoras de automóveis e fornecedores, porém não o suficiente para elevar o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) estabilizada em 83,8% em julho, idêntico à média dos últimos cinco anos, segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo.
"O setor de bens duráveis demonstra uma recuperação lenta da confiança desde junho. Há carros estocados e, por isso, ainda não foi percebido um reflexo significativo na produção. Mas é possível prever que, caso os duráveis continuem colocando o estoque na praça, a utilização da capacidade tende a crescer", afirmou o economista.
Por enquanto, a melhora da confiança do setor de bens duráveis também não repercutiu em aumento da demanda do setor intermediário, que continua pessimista sobre os rumos da economia e aumento da produção. O mesmo ocorre com a categoria de bens de capital. Em contrapartida, o setor de material de construção demonstrou recuperação da confiança, por conta da intensificação de obras do governo, e o de não duráveis permanece sendo beneficiado pela renda no mercado interno.
O Índice de Expectativa, que na prévia de julho subiu 0,5%, após queda de 1,4% em junho, está oscilando mês a mês, em uma demonstração de cautela por parte da indústria, desconfiada ainda com um descasamento entre as projeções e concretização da demanda. "Já houve dois episódios em que a demanda não aconteceu. O primeiro foi no fim do ano passado e o seguinte, no segundo trimestre deste ano. A posição, agora, é de cautela", argumenta Campelo.