O comportamento do mercado de trabalho está preocupando o consumidor. Apesar da estabilidade financeira das famílias, o receio de perder o emprego acaba limitando as compras, principalmente de bens duráveis, que comprometem o orçamento por um prazo maior. Ainda assim, a perspectiva é de melhora no segundo semestre, quando boa parte das dívidas já deve ter sido eliminada.
Em julho, o consumidor demonstrou mais cautela na aquisição de veículos e eletrodomésticos do que no início deste ano. Não apenas porque receia perder a sua fonte de renda, como também por conta da inadimplência, que mantém-se alta. O ICC demonstrou que a expectativa de compras de bens duráveis nos próximos seis meses caiu 4,2% na passagem de junho para julho e atingiu o menor patamar registrado desde fevereiro. Este índice estava crescente desde janeiro mas, neste mês, foi revertida a sua trajetória. "As medidas do governo de incentivo ao consumo já foram absorvidas em meses anteriores. Em julho, prevaleceu a cautela com a situação econômica do país e com o endividamento", argumenta a economista do Ibre/FGV Viviane Seda.
A novidade no cálculo do ICC neste mês foi a inclusão da pergunta sobre o prazo da dívida dos consumidores. Para 77,3% dos entrevistados em 2,1 mil domicílios de sete capitais brasileiras, os parcelamentos vencem em até seis meses. "Os analistas pensavam que a compra parcelada tinha um prazo maior. Estamos com um cenário mais favorável do que o esperado. As contas podem ser mais rapidamente ajustadas", ressaltou Viviane.
Não só há otimismo com o segundo semestre, como o orçamento das famílias não chega a estar comprometido atualmente. O indicador relativo à situação financeira atual dos consumidores, um dos componentes do ICC, manteve-se estável em julho, em 0,5%.