Vale afirma que vai rever projetos

Rio de Janeiro – Diante de um novo cenário de preços mais baixos para o minério de ferro e recuo da demanda global, a Vale decidiu rever todos os seus projetos para priorizar investimentos. Um dia depois de anunciar queda de 48,3% no lucro do segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 5,3 bilhões – ante expectativa média de R$ 7 bilhões do mercado –, o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, admitiu que será necessário rever o conjunto de investimentos previstos pela companhia.

"Queremos ter maior disciplina na alocação de capital, comprometimento com o retorno aos acionistas, fazer projetos que deem maior retorno", disse o presidente da Vale, Murilo Ferreira, em teleconferência com analistas ontem de manhã. "Uma série de projetos que poderiam estar contribuindo para geração de caixa tiveram problemas no seu início e impacta a performance (da empresa). Alguns investimentos foram feitos e não estão trazendo o retorno esperado", afirmou.

O novo plano de investimento da companhia será apresentado até o fim do ano, informou, sem precisar uma data. Ferreira destacou como prioridade projetos em minério de ferro como o de Serra Sul (S11D), no Pará, um dos maiores investimentos da Vale, de US$ 8 bilhões, para aumentar a produção de Carajás em 90 milhões de toneladas.

Outros projetos que com certeza serão mantidos, segundo Ferreira, é a produção de carvão em Moçambique, na África, e o desenvolvimento do segmento de fertilizantes. "Minério de ferro e fertilizantes tem uma prioridade muito grande e tem que entregar resultados que foram deixados de lado no passado", disse Ferreira, que assumiu a Vale há um ano no lugar de Roger Agnelli.

Em Minas, os investimentos da mineradora no primeiro semestre cresceu 10%, em relação ao mesmo período do ano passado. O estado recebeu US$ 4,9 bilhões, ante os US$ 4,4 bilhões de 2011. A empresa também cresceu o número de empregados em Minas: no total, incluindo trabalhadores terceirizados para projetos, número chega 58.420 empregados, um acréscimo de cerca de 200 vagas se comparado com o primeiro trimestre.

Apesar de Ferreira lembrar que a produção de minério de ferro da empresa está praticamente estável desde 2007, no estado, a produção apresentou alta tanto no Sistema Sudeste (Itabira, Mariana e Minas Centrais) quanto no Sistema Sul (Itabirito, Varem Grande e Paraopeba) – 5,7% e 17,4%, o melhor resultado no trimestre desde 2008.

Royalties

A Vale também deverá enfrentar nova batalha envolvendo a cobrança de royalties junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em meio a pressões do mercado por melhores resultados. O grupo de trabalho criado entre a companhia e o DNPM reduziu a base de cálculo dos royalties da mineração, que não teriam sido pagos na íntegra pela mineradora. A conclusão sobre a base definitiva abre caminho para o DNPM realizar cobranças que ainda não haviam sido realizadas por falta de consenso sobre o assunto, relativas aos últimos três a quatro anos, afirmou o diretor-financeiro da empresa, Tito Martins. A cobrança do DNPM é um dos temas mais aguardados pelo mercado neste trimestre.