Os caminhoneiros continuam bloqueando as rodovias mineiras em busca de melhores condições de trabalho. De acordo com informações da Autopista, concessionária que administra a rodovia, a pista sul (sentido São Paulo) está bloqueada no km 545, na região de Itatiaiuçu. O tráfego está parado do km 533 ao km 545. Na mesma pista, a faixa dois e o acostamento estão com tráfego restrito no km 513, região de Igarapé. Os veículos seguem pela faixa um com retenção entre os quilômetros 507 e 513. Na região de Carmópolis de Minas, o fluxo de veículos segue pela faixa um, com lentidão entre os kms 586 e 589. Nesse trecho, a faixa dois e o acostamento estão bloqueados.
Ainda segundo as informações da concessionária, na pista norte (sentido Belo Horizonte), a faixa dois e o acostamento também estão bloqueados no km 589, fazendo o tráfego fluir com lentidão entre os quilômetros 596 e 589. No mesmo sentido, há cinco quilômetros de tráfego lento, do km 623 ao km 617, na região de Oliveira, devido ao excesso de veículos no acesso à cidade.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a corporação tem tentado negociar com os manifestantes, mas não tem obtido sucesso. “Pedimos liberação de uma faixa de circulação para passagem de veículos de automóveis, ônibus, vans, veículos de emergência e também de motoristas que não queiram participar do movimento. Até o presente momento, houve pouco atendimento, por parte dos manifestantes, das solicitações da PRF”, informou a PRF, por meio de nota.
Ainda segundo o órgão, em alguns trechos onde a manifestação é feita, os outros usuários têm sido impedidos de passar, mesmo que estejam transportando idosos, crianças, pessoas doentes e em tratamento de saúde. Além disso, a PRF disse ter observado que já houve casos de vandalismo a veículos parados no congestionamento e coação a caminhoneiros que não querem participar do movimento.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) disse que vem mantendo negociação com representantes dos caminhoneiros buscando o aperfeiçoamento dos requisitos para inscrição no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas e das normas relativas ao pagamento eletrônico de frete, entre outros itens.
A ANTT reforçou que em agosto todas as partes envolvidas terão a oportunidade de discutir o assunto no Fórum Permanente do Transporte Rodoviário de Cargas. “A agência reguladora, por seus diretores e seu corpo técnico, sempre esteve e continuará à disposição dos transportadores rodoviários, pessoas físicas ou jurídicas, para discutir e efetivar medidas que busquem harmonizar os interesses de prestadores e usuários dos serviços de transporte rodoviário”, disse a ANTT, por meio de nota.
Reivindicações
A categoria reivindica a regulamentação efetiva da profissão, critica a lei que possibilita a entrada de qualquer pessoa no mercado e a inexistência de acostamentos e pontos de apoio nas margens das estradas, que colocam em risco a vida dos usuários e impede a parada obrigatória do motorista a cada quatro horas de viagem.
De acordo com José Acácio Carneiro, presidente do regional do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), a categoria hoje está pagando para trabalhar e vai para as estradas no vermelho. Nélio Botelho, presidente nacional da entidade, calcula que, em média, o excesso de oferta de fretistas reduziu o valor do frete em 35% no país. Houve registros de bloqueios de rodovias e queda no movimento de caminhões em ao menos quatro estados, concentrados nas regiões Sul e Sudeste. Além de Minas, foram afetados Espírito Santo (Cachoeiro de Itapemirim , Iconha e Linhares) e Paraná (rodovia que leva ao porto de Paranaguá, ao Mato Grosso e ao Paraguai).
Abastecimento
A greve dos caminhoneiros pode afetar a vida dos brasileiros de pelo menos três formas. Em primeiro lugar, caso a paralisação se fortaleça e se estenda por mais dias, há um risco de desabastecimento generalizado no país. Isso acontece porque mais de metade do transporte de cargas no país é feito pelo modal rodoviário, cerca de 25% por ferrovias e pouco menos de 15% por meios aquaviários. Diante do peso do transporte de cargas nas estradas, caso os preços do frete sejam reajustados, o consumidor pode acabar pagando mais essa conta. Isso sem contar os transtornos decorrentes da paralisação nas rodovias. (Com Agência Brasil)