Aos 20 anos, Ranulfo Neto acabava de encerrar o ciclo de dois anos no Exército. Lá, tentaram ensinar a ele e a outros jovens a importância da disciplina, mas o que ele aprendeu foi que os pouco mais de R$ 200 que podia economizar seriam suficientes para obter a sonhada "independência financeira". Sem contas para pagar e morando com os pais, o dinheiro era o bastante para bancar as saídas com os amigos. Mas, dispensado da instituição, era preciso arrumar o primeiro emprego para manter o nível de vida. Morando em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, ele procurou trabalho por um mês e, logo, um amigo o convidou para fazer um teste numa empresa de call center.
Aprovado, teve a carteira de trabalho assinada pela primeira vez. Na segunda maior cidade do estado, histórias como essa se repetem na vida de jovens diariamente. Desde a instalação da primeira unidade de telemarketing às vésperas de se iniciar o ano 2000, o número de vagas no setor se multiplica, transformando Uberlândia num polo dessa modalidade de prestação de serviço. A estimativa das empresas do setor é que mais de 15 mil pessoas estejam em um dos pontos de atendimento recebendo e efetuando ligações dos quatro cantos do país para vender produtos e solucionar problemas de informática, telefonia, bancários e outros.
Com base nos números do Censo 2010, quase 5% da população empregada da cidade ocupa um dos postos de trabalho das firmas de call center. Inicialmente, a maioria das companhias que prestavam o serviço de contato com o cliente estava localizada nas duas maiores cidades do país – Rio de Janeiro e São Paulo. Mas o grupo Algar decidiu inovar e interiorizar o modelo. À primeira vista, a medida tinha efeitos duvidosos, tendo em vista que criava certa distância entre a empresa e seus clientes. Mas o problema logo virou solução: sem trânsito caótico e com rotatividade dos funcionários bem menor que nos grandes centros, a ideia foi aprovada e novas companhias decidiram investir no segmento.
"Quebramos um paradigma. Aqui não temos problemas de deslocamento como em São Paulo. Lá, uma greve pode deixar várias empresas na mão. Se ocorre aqui, reservamos um ônibus para buscar os trabalhadores em casa", afirma o coordenador-geral de Operações da Algar Tecnologia em Uberlândia, José Eduardo Ribeiro de Lima. Atualmente, cerca de 10 firmas de telemarketing estão na cidade e a instalação de empresas do ramo em municípios de porte médio tornou-se tendência no país.
JOVENS NO MERCADO Como Ranulfo, a maioria dos trabalhadores têm entre 18 e 25 anos. Ou seja, a estimativa é que 12 mil pessoas nessa faixa etária atuem como atendente de telemarketing ou cargos superiores, o que significa que um em cada seis jovens economicamente ativos de Uberlândia trabalha no segmento de call center. "Procurava crescimento e não sabia qual faculdade cursar", recorda-se ele, cinco anos depois.
Ranulfo já foi promovido a supervisor e recentemente soube que passará a coordenador da equipe da segunda maior empresa do segmento na cidade – a Callink. E a demanda por novos empregados aumenta cada vez mais. Mesmo com os vaivéns da economia, o mercado aumenta num ritmo acelerado. Nos últimos anos, o crescimento tem sido sempre superior a dois dígitos e a previsão para os próximos anos é a mesma.
Na Callink a expectativa para este ano é dobrar o número de funcionários – de 1,4 mil atendentes para 2,8 mil. A empresa, ligada ao grupo Arcom, foi criada em 2006 para atender a apenas dois clientes. A estrutura contava com somente 15 posições de atendimento e 40 colaboradores. Hoje, o quadro se multiplicou por 35 e mensalmente mais de 7 milhões de chamadas são efetuadas e recebidas. "Hoje não é interessante para a empresa manter o serviço de call center e, sim, terceirizá-lo para poder focar na atividade principal", afirma a coordenadora da Recursos Humanos da empresa, Renata Marçal de Alcântara.
Aprovado, teve a carteira de trabalho assinada pela primeira vez. Na segunda maior cidade do estado, histórias como essa se repetem na vida de jovens diariamente. Desde a instalação da primeira unidade de telemarketing às vésperas de se iniciar o ano 2000, o número de vagas no setor se multiplica, transformando Uberlândia num polo dessa modalidade de prestação de serviço. A estimativa das empresas do setor é que mais de 15 mil pessoas estejam em um dos pontos de atendimento recebendo e efetuando ligações dos quatro cantos do país para vender produtos e solucionar problemas de informática, telefonia, bancários e outros.
Com base nos números do Censo 2010, quase 5% da população empregada da cidade ocupa um dos postos de trabalho das firmas de call center. Inicialmente, a maioria das companhias que prestavam o serviço de contato com o cliente estava localizada nas duas maiores cidades do país – Rio de Janeiro e São Paulo. Mas o grupo Algar decidiu inovar e interiorizar o modelo. À primeira vista, a medida tinha efeitos duvidosos, tendo em vista que criava certa distância entre a empresa e seus clientes. Mas o problema logo virou solução: sem trânsito caótico e com rotatividade dos funcionários bem menor que nos grandes centros, a ideia foi aprovada e novas companhias decidiram investir no segmento.
"Quebramos um paradigma. Aqui não temos problemas de deslocamento como em São Paulo. Lá, uma greve pode deixar várias empresas na mão. Se ocorre aqui, reservamos um ônibus para buscar os trabalhadores em casa", afirma o coordenador-geral de Operações da Algar Tecnologia em Uberlândia, José Eduardo Ribeiro de Lima. Atualmente, cerca de 10 firmas de telemarketing estão na cidade e a instalação de empresas do ramo em municípios de porte médio tornou-se tendência no país.
JOVENS NO MERCADO Como Ranulfo, a maioria dos trabalhadores têm entre 18 e 25 anos. Ou seja, a estimativa é que 12 mil pessoas nessa faixa etária atuem como atendente de telemarketing ou cargos superiores, o que significa que um em cada seis jovens economicamente ativos de Uberlândia trabalha no segmento de call center. "Procurava crescimento e não sabia qual faculdade cursar", recorda-se ele, cinco anos depois.
Ranulfo já foi promovido a supervisor e recentemente soube que passará a coordenador da equipe da segunda maior empresa do segmento na cidade – a Callink. E a demanda por novos empregados aumenta cada vez mais. Mesmo com os vaivéns da economia, o mercado aumenta num ritmo acelerado. Nos últimos anos, o crescimento tem sido sempre superior a dois dígitos e a previsão para os próximos anos é a mesma.
Na Callink a expectativa para este ano é dobrar o número de funcionários – de 1,4 mil atendentes para 2,8 mil. A empresa, ligada ao grupo Arcom, foi criada em 2006 para atender a apenas dois clientes. A estrutura contava com somente 15 posições de atendimento e 40 colaboradores. Hoje, o quadro se multiplicou por 35 e mensalmente mais de 7 milhões de chamadas são efetuadas e recebidas. "Hoje não é interessante para a empresa manter o serviço de call center e, sim, terceirizá-lo para poder focar na atividade principal", afirma a coordenadora da Recursos Humanos da empresa, Renata Marçal de Alcântara.