O Brasil perdeu a oportunidade de investir algo em torno de R$ 400 bilhões em infraestrutura nos últimos dez anos. É o que calcula o presidente do Conselho de Administração da TIM, Manoel Horácio Francisco da Silva, que também é membro do Conselho de Administração do Banco Fator. Ele foi um dos palestrantes do seminário Almoço com Henrique Meirelles - Economia Brasileira e as Perspectivas para o Segundo Semestre, organizado pela FTI Consulting.
Essa falta de investimentos na infraestrutura, de acordo com Francisco da Silva, está entre os vários fatores que impedem a economia brasileira de crescer a uma taxa equivalente a 5% ao ano. "Nos últimos dez anos, a economia brasileira foi ajudada pelo crescimento mundial", disse presidente do Conselho da TIM. Tal crescimento - puxado sobretudo pela China - fez com que o mundo comesse mais e elevou os preços das commodities.
De acordo com Francisco da Silva, nos últimos dez anos os gastos públicos saltaram de 14% para 19% do PIB, somando R$ 1,2 trilhão. Para ele, se o governo tivesse reservado parte do excedente que a própria economia gerou, poderia ter investido R$ 400 bilhões.
O presidente do Conselho da TIM vê nas recentes medidas de estímulo adotadas pelo governo preocupação com a indústria, mas as considera insuficientes. "Uma hora o governo terá de investir em educação, em inovação e infraestrutura", diz Francisco da Silva. No entanto, como são ações cujos resultados virão a longo prazo, a economia brasileira passará por um bom período de baixo crescimento.
Hoje o executivo acha que o PIB tem potencial de crescimento de apenas 3% ao ano, quando deveria estar crescendo a taxas superiores a 4%. Para este ano, o presidente da TIM acredita que o PIB crescerá de 1,7% a 2%, no máximo.
Meirelles
Apesar de o evento organizado pela FTI Consulting ter recebido o nome de "Almoço com Henrique Meirelles", o convidado principal, que foi apresentado como membro do Conselho de Administração da FTI, não ficou para o almoço. Sem dar explicações, logo após sua apresentação, o ex-presidente do Banco Central saiu sem falar com a imprensa, que fora assegurada de que após o almoço Meirelles falaria com os jornalistas.