A Usiminas informou ontem que negocia um novo reajuste de preços com clientes da indústria, depois de ter corrigido a tabela de preços para a rede distribuidora entre 5% e 7%, conforme a linha de produtos, no começo de julho. Os ajustes adotados há cerca de 30 dias cobrem aproximadamente 30% do faturamento da companhia e servem de referência para as negociações em curso, segundo o vice-presidente comercial da siderúrgica, Sérgio Leite de Andrade. “Estamos em negociação para aplicar o reajuste no terceiro trimestre. Isso deverá ocorrer em agosto e setembro”, disse o executivo durante entrevista a analistas financeiros para apresentação dos resultados de abril a junho.
As montadoras de veículos estão fora das negociações, em razão de o setor manter contratos mais longos com a siderúrgica, de seis meses a um ano, que têm de ser cumpridos. Para o analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, o ambiente que a Usiminas encontrou para reajustar seus preços foi reflexo da queda das cotações dos produtos siderúrgicos no exterior, como consequência do excesso de estoques de aço no mundo, combinada à valorização do dólar frente ao real. Com a mudança do câmbio, ainda que os importados tenham barateado, ficaram cerca de 5% mais caros na comparação com o produto brasileiro, já reajustado.
O desafio da companhia, agora, é obter o mesmo resultado junto aos clientes industriais. “A indústria brasileira está patinando e, dificilmente, vai conseguir absorver e repassar aumento de custos”, afirmou Pedro Galdi. Para o analista, só a partir de meados de agosto a economia poderá começar a dar sinais mais firmes de recuperação, quando as recentes medidas adotadas pelo governo federal para reanimar o segmento devem surtir efeito, o que é importante para a indústria siderúrgica.
Embora a Usiminas tenha amargado prejuízo de R$ 87 milhões no segundo trimestre, a melhora apresentada nos indicadores operacionais e comerciais surpreendeu, de acordo com o analista da SLW. “A estratégia de desovar estoques foi positiva e o melhor é que a empresa não empobreceu o seu mix de produtos”, disse Galdi. Parte do aumento de 7% das vendas observado pela siderúrgica no mercado brasileiro se deveu à comercialização de aços galvanizados a quente, produto nobre.
O presidente da Usiminas, Julián Eguren, destacou a estratégia adotada para aumentar a competitividade do negócio, com esforço nas áreas comercial e industrial, num momento em que a demanda interna de aço continua estagnada. “Contudo, a Usiminas conseguiu avançar nesse cenário: nossas vendas internas cresceram 7%, ocupando o espaço do material importado”, afirmou. A política de aproximação com os clientes, agregando serviços no atendimento, também contribuiu para a melhora da performance da companhia e deverá ser reforçada.
Em relação aos investimentos realizados, Sérgio Leite destacou o orçamento ao redor de R$ 2 bilhões neste ano, sendo metade desse valor destinado aos negócios da siderurgia, para conclusão de um ciclo de aportes. Outros R$ 800 milhões devem somar os recursos previstos na Mineração Usiminas. O plano para 2013 está sendo definido, com a perspectiva de a área de mineração receber uma cifra superior à deste ano, em detrimento da siderurgia.