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Estado de Minas

Protestos de caminhoneiros vão refletir no abastecimento de produtos

Caminhoneiros negociam com o governo e suspendem paralisações nas rodovias brasileiras


postado em 01/08/2012 07:22 / atualizado em 01/08/2012 11:22

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A/Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A/Press)
Depois de três horas de negociações com o governo, os caminhoneiros decidiram dar fim à greve que durou sete dias e paralisou o transporte em vários estados brasileiros. Eles sentiram o tom duro das negociações do governo e cederam diante do mesmo recado dado aos servidores públicos: o Planalto não negocia com grevistas. O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, comprometeu-se em retomar as conversas com as associações do setor no dia 8, desde que bloqueios das estradas fossem suspensos, o que deverá ser acatado a partir de hoje pela categoria.

Passos recebeu separadamente representantes de entidades contra e a favor da paralisação. “A greve terminou, mas esperamos uma desmobilização gradual. Por questões de segurança, havia muitos caminhões parados e a situação será normalizada nas estradas até amanhã (hoje) de manhã”, afirmou o ministro.

Segundo informações do diretor-regional do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) em Minas Gerais, José Carneiro, o governo ainda decidiu prorrogar para daqui 30 dias a vigência da Lei 12.619/12 que passou a valer na segunda-feira. Ele comemorou a evolução nas negociações. “Nunca tivemos uma oportunidade como esta de resolver problemas da categoria. Conseguimos o que queríamos”, afirmou. Ele ainda explica que, no dia 8, será instalada uma mesa de negociação que contará com representantes do Ministério dos Transportes, Casa Civil, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e outros membros do governo.

As exigências da nova legislação estão entre os principais alvos da discussão e deverão permear as conversas. Entre as mudanças amplamente contestadas pela categoria, está a jornada diária de oito horas, admitindo-se duas horas extras, além de intervalo de 11 horas de descanso entre jornadas de trabalho e paradas de repouso de 30 minutos a cada quatro horas ao volante. Em Minas Gerais, as manifestações estavam suspensas desde sábado. No início da semana, caminhoneiros do estado também foram impedidos de realizar novos bloqueios nas rodovias diante de liminar concedida pela Justiça Federal a pedido do Ministério Público Federal (MPF).

O movimento ontem se concentrou em seis estados brasileiros (veja quadro). A Rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, voltou a ser a mais afetada pelas manifestações dos caminhoneiros. Os congestionamentos chegaram a quase 20 quilômetros em alguns trechos da pista.

Em balanço da mobilização, Nélio Botelho, presidente nacional do MUBC, afirmou que, dos cerca de 2,5 milhões de caminhoneiros autônomos no país, 75% aderiram à greve. “No Paraná, esse número é de 80%”, disse. O movimento é responsável pelos mais de 40 pontos de bloqueio nas estradas brasileiras. Atitude contestada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e pela União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), que se reuniram separadamente com representantes do governo.

PREJUÍZOS Mesmo tendo chegado ao fim, as paralisações dos caminhoneiros ainda terão desdobramentos ao longo da semana. No Rio de Janeiro, supermercados podem sofrer com a falta de abastecimento a partir de hoje, segundo expectativas da Associação dos Supermercados do Estado. Isso porque 80% dos alimentos consumidos pela população vem de outras regiões.

Produtores rurais também sentiram os efeitos do movimento. A União Brasileira de Avicultura (Ubabef) informou que o abastecimento de ração para criação de frangos e O transporte de animais vivos foram prejudicados. "Empresas associadas já relataram problemas com o abastecimento de ração para a criação de frangos, com a retenção de centenas de caminhões devido aos bloqueios", afirmou a Ubabef em nota. O comércio de veículos também foi atingido, com algumas entregas sendo suspensas, conforme dados da assessoria do Sindicato Nacional dos Cegonheiros.

Metalúrgicos começam a dialogar


O Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem, na Grande BH, apresentaram ontem à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) a pauta de reivindicações salariais. O pedido é de aumento de 12%, mais abono equivalente ao salário nominal e valorização do piso de acordo com o porte da empresa. Pela manhã, dezenas de trabalhadores protestaram em frente à entrada da siderúrgica ArcelorMittal, no Bairro Cidade Industrial, e, à tarde, representantes da categoria desceram em passeata a Avenida Afonso Pena. Na fábrica, os funcionários que chegaram para trabalhar foram impedidos de entrar, mas não houve registro de tumultos. Segundo a Polícia Militar, o protesto reuniu cerca de 400 pessoas.

Nos próximos dias, a Fiemg deve encaminhar aos líderes do movimento a agenda de reuniões. Nesse ano, segundo o que foi aprovado em assembleia da categoria na semana passada, um dos principais itens em pauta é a tentativa de valorização do salário base. Atualmente, estão em vigor cinco patamares diferentes de acordo com o tamanho da empresa. A proposta é que esse total seja reduzido para três. Empresas com até 400 funcionários teriam salário base de R$ 993; de 400 a 1 mil empregados, R$ 1.244; enquanto para as firmas com mais de 1 mil trabalhadores o mínimo seria de R$ 1.555. Nesse ano, serão discutidas apenas as cláusulas salariais, tendo em vista que as sociais foram definidas ano passado e são válidas por dois anos. “O que fizemos hoje (ontem) foi um grito de alerta para que a empresa abra imediatamente as negociações com o sindicato”, afirma o presidente do sindicato, que representa cerca de 90 mil metalúrgicos, Geraldo Valgas.

Ele afirma que também está em negociação o aumento do tíquete refeição para R$ 450/mês e questões referentes à política de demissões das empresas como forma de reduzir o valor dos salários. Outro ponto é a necessidade de melhoria nas creches e no transporte. Os trabalhadores também defendem o fim das demissões como política de substituição de trabalhadores para contratações por salários mais baixos e contra recorrentes acidentes de trabalho nas empresas.

BANCÁRIOS
Hoje, os bancários entregam a pauta de reivindicações à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). A categoria reivindica reajuste salarial de 10,25% (aumento real de 5,28% mais a reposição da inflação projetada de 4,97% para o período), piso de R$ 2.416 (salário mínimo calculado pelo Dieese), participação nos lucros ou resultados (PLR) de três salários mais parcela fixa adicional de R$ 4.961,25, além de vales-refeição, alimentação e auxílio-creche no valor de R$ 622 cada. (Pedro Rocha Franco)


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