A possibilidade da entrada dos automóveis brasileiros na Venezuela já assusta o mercado local. A Câmara dos Fabricantes Venezuelanos de Peças Automotivas (Favenpa) quer a exclusão do setor no acordo de livre comércio. A entidade preparou um documento e entregou ao governo venezuelano. Na carta, destaca que o país não deve liberar as licenças de importação, pois acredita que a indústria local pode ser suprimida pelos itens importados.
Além da Chrysler, a Ford, General Motors, Toyota, Mitsubishi, Hyundai, Iveco e Venirauto – estatal que produz modelos com tecnologia iraniana – também fabricam veículos no país. A entrada da Venezuela no Mercosul possibilita que os veículos produzidos no Brasil disputem o mercado com as mesmas condições dos fabricados lá.
No ano passado, o Brasil produziu 34 vezes mais veículos que a Venezuela, e a Argentina oito vezes mais. “Não há como a indústria automotiva da Venezuela competir e evitar ser deslocada pelas indústrias da Argentina e do Brasil, devido às enormes assimetrias”, afirma a carta da Favenpa. De janeiro a junho deste ano o país produziu pouco mais de 58 mil veículos, entre automóveis e comerciais leves e pesados. Desse total, a líder foi a GM, responsável por 24 mil unidades, seguida pela Ford, com 14,4 mil.
O presidente do grupo Fiat Chrysler Latam, Cledorvino Belini, destacou em cerimônia de premiação recente para fornecedores do grupo que espera um crescimento do mercado automotivo na América Latina, de 3% a 4% neste ano, podendo chegar a 5,8 milhões de veículos. “Temos grandes perspectivas para o futuro da nossa indústria no Brasil e no continente, mas para que elas nos favoreçam é preciso trabalhar sempre em cadeia, em parceria”, afirmou Belini.
Mercosul
A Venezuela aproveitou a brecha da suspensão do Paraguai do Mercosul para conseguir entrar no bloco. A participação do país governado por Hugo Chaves tinha anuência dos governos brasileiro, uruguaio e argentino. O Paraguai era contrário à entrada e está suspenso desde que o presidente Fernando Lugo foi cassado. O retorno do Paraguai deve ocorrer apenas em julho de 2013, depois das eleições presidenciais no país. Sem os paraguaios, em dezembro, assumirá a Presidência novamente o Uruguai e, em julho, a Venezuela.
Os primeiros produtos da Venezuela deverão estar adequados à tarifa externa comum (TEC) do Mercosul em janeiro. O novo membro do bloco tem até quatro anos para aderir totalmente à TEC, mas a expectativa dos chanceleres dos quatro países é de que a adesão total da Venezuela ocorra muito antes disso.