Outras promoções alimentam o desejo do consumidor de experimentar – ou de provar mais vezes – o sabor da comida oferecida nos restaurantes classe A e B na capital mineira. É o caso do Passaporte Belvitur, criado há cinco anos, que funciona durante todo o ano em quatro edições. Com ele, o cliente paga um e leva dois. Ou seja: escolhe um prato e ganha outro de igual ou menor valor. O estabelecimento também ganha porque recebe mais clientes às segundas, terças e quartas-feiras. Sistema semelhante vem sendo usado pelo Prato Dublê Viva a Mesa, recém- lançado por 10 restaurantes de cozinha autoral instalados em Belo Horizonte.
Somente o Restaurant Week espera levar, em média, 70 mil pessoas a 70 restaurantes da capital mineira entre o fim do mês e o início de setembro. Mas apesar do aumento do fluxo de consumidores, as casas que participam do evento raramente contabilizam elevação significativa nos lucros. Murilo Dias Paes Filho, dono da Antica Trattoria , participa pela quinta vez do programa. Cerca de um mês antes do evento, porém, a casa já integrava a lista das inscritas no Prato Dublê Viva a Mesa, que vai sair do ar enquanto durar o evento inspirado na estratégia paulistana. Ele explica que durante o Restaurant Week o público da Antica cresce em torno de 20%. Em compensação, os gastos também crescem, de modo que as vendas empatam com o período normal.
“A gente precisa trabalhar o custo do prato porque o tíquete médio fora da promoção, de R$ 90, cai para R$ 65 durante o evento. Nosso objetivo é trazer a classe C porque, experimentando, esse público passa a ser mais exigente.” A expectativa de Murilo Dias é de receber cerca de 3 mil pessoas, quando no período normal seriam 1,2 mil. “A vantagem é que a casa fica cheia na baixa temporada e a divulgação é grande.”
Wilson Gonzaga, proprietário do D’istinto Restaurante, explica que o Prato Dublê Viva a Mesa amplia o público em pelo menos 30% nos dias de validade da promoção. “Normalmente são clientes novos.” Segundo ele, a ideia é angariar público das camadas de menor poder aquisitivo da população.
Do megasalão ao bistrô
“Com o Restaurant Week a gente conseguiu democratizar a alta gastronomia. Por isso os preços são tabelados. O cliente não precisa se preocupar porque já tem ideia de quanto vai gastar. Isso agrega o público classe C, que já comia pizza e rodízio fora de casa, mas agora sai do megasalão e vai conhecer um bistrô ”, diz Emerson Silveira, criador do evento no Brasil. Desde 2007, quando o Restaurant Week foi lançado, o crescimento foi exponencial. Naquele ano apenas São Paulo participou. No seguinte, entrou o Recife. Em 2009, foram agregados Rio de Janeiro e Brasília. No ano seguinte, BH, Curitiba e Vitória. Em 2011, Salvador, Fortaleza e Goiânia, além de Campinas, Santos e Ribeirão Preto, no interior
de São Paulo.