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Estado de Minas

Refinaria lançada por Lula ainda é terreno coberto por mato


postado em 05/08/2012 08:44 / atualizado em 05/08/2012 08:46

Dezoito meses após o lançamento da pedra fundamental pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que três dias depois passaria o cargo a Dilma Rousseff, a refinaria cearense Premium 2, apontada como prioritária pela Petrobrás, não passa de um enorme terreno abandonado. Os quase 2 mil hectares destinados ao empreendimento da petroleira não foram nem sequer cercados. Não há sinais de obra. O terreno está tomado por vegetação cerrada, cortada por trilhas e estradas esburacadas de movimento quase inexistente.

O principal entrave ao início da obra é fundiário, embora seja uma obra cara, orçada em US$ 11,4 bilhões e a Petrobrás, em seu Plano de Negócios 2011-2016, tenha cortado R$ 5 bilhões dos gastos destinados ao refino. Índios da tribo anacé reivindicam a área. Sem autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai), a Petrobrás não pode começar a trabalhar no terreno, embora equipes terceirizadas que realizam levantamentos arqueológicos já estejam no local. O atraso no começo da construção da refinaria já soma três anos. Em agosto de 2008, os governos federal e cearense definiram que em 2009 o terreno começaria a ser desmatado e terraplenado.

A administração Cid Gomes adquiriu por R$ 126 milhões a área de 1.940 hectares, que engloba trechos rurais dos municípios de São Gonçalo do Amarante e Caucaia. O terreno integra a retroárea do Complexo Industrial e Portuário do Pecém e fica a cerca de 10 quilômetro do porto, construído há dez anos para o apoio à produção da refinaria e da siderúrgica planejadas para o local desde a década de 90.

O questionamento indígena surgiu durante o processo de aquisição dos lotes do terreno. Embora nenhuma família anacé more na área, o argumento apresentado à Petrobrás e ao governo cearense é de que aquela região guarda resquícios de tradições indígenas, tendo, portanto, relevância histórica. A Funai ainda não se manifestou oficialmente sobre a polêmica, mas apoia a pretensão dos índios.

Refinaria Abreu e Lima custa três vezes mais que similar

Apontado pela presidente da Petrobras, Graça Foster, como um exemplo a ser estudado para que jamais volte a acontecer na companhia, a construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, resultou em um empreendimento pelo menos três vezes mais caro do que o de similares internacionais, numa estimativa conservadora. Lançada em 2005 por US$ 2,3 bilhões, a refinaria teve o orçamento revisado há pouco mais de um mês para US$ 20,1 bilhões.

A previsão divulgada pela gestão Graça eleva o custo por barril para US$ 87 mil, ante uma média de US$ 10 mil a US$ 25 mil de refinarias de alta complexidade recém-concluídas ou em construção no mundo. A Petrobras admite falha na aprovação dos projetos, mas é categórica em dizer, por meio de nota: "Não houve erros nos cálculos" e "as estimativas são elaboradas observando preços praticados no mercado", garante, em resposta à Agência Estado.

Não é o que o governador Cid Gomes afirma ter ouvido no mês passado pessoalmente de Graça. A Índia faz refinarias a US$ 13 mil por barril, a China a US$ 14 mil e a Coreia do Sul a US$ 18 mil, relatou Graça, segundo o governador informou à reportagem. Por esses parâmetros, a refinaria pernambucana, com capacidade para processar 230 mil barris, deveria custar no máximo US$ 4,1 bilhões.

A refinaria Saudi Aramco, em construção na Arábia Saudita e com previsão para ser inaugurada na mesma época da Abreu e Lima, o último trimestre de 2014, custará proporcionalmente pouco menos de um terço: US$ 25 mil por barril. Aplicado o mesmo índice de custo à Rnest, a pernambucana custaria menos de US$ 6 bilhões. A comparação é mais evidente com a refinaria indiana Reliance Jamnagar, tida como referência de eficiência no mercado e lançada em 2009 por US$ 10 mil por barril numa obra que durou apenas 36 meses. Se o mesmo índice fosse aplicado ao empreendimento da Petrobrás, a Rnest custaria quase um décimo, US$ 2,3 bilhões. A pernambucana deve ser inaugurada em 2014 com três anos de atraso.


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