A Espanha não está com pressa para pedir um novo resgate para a União Europeia (UE) e pode esperar até que mais detalhes sejam divulgados sobre as condições ligadas ao pacote, afirmou o ministro de Finanças Luis de Guindos. O governo espanhol cobriu 70% de suas necessidades financeiras de 2012 e espera aguardar até que o Banco Central Europeu (BCE) esboce seu novo programa para ajudar a reduzir os custos de financiamento para países europeus periféricos antes de pedir ajuda, disse De Guindos, em entrevista publicada neste domingo no jornal espanhol ABC.
"Quando nós soubermos os detalhes (do programa), teremos um calendário mais preciso", afirmou De Guindos, segundo o diário. Uma porta-voz do ministério confirmou as declarações. Os comentários de De Guindos foram feitos depois de o primeiro-ministro Mariano Rajoy ter aberto o caminho, na sexta-feira, para a solicitação de ajuda do fundo de resgate da zona do euro para ajudar a aliviar a crise financeira espanhola.
A posição da Espanha em relação ao pedido de socorro representa uma reversão para o governo conservador de Rajoy. Em razão das condições e do estigma político que se seguem ao pedido de ajuda anteriormente ele havia rejeitado a possibilidade de pedir socorro, na expectativa de uma medida unilateral do BCE.
Nos últimos dias, porém, autoridades espanholas começaram a reconhecer, privadamente, que na falta de uma medida do BCE o governo seria forçado a pedir ajuda ao fundo. O governo tem uma posição de caixa confortável, mas precisa de dinheiro para pagar grandes vencimentos de dívida em outubro e para ajudar as regiões que sofrem com falta de liquidez.
O governo também vai alterar a forma como o próprio fundo de resgate aos bancos espanhóis vai funcionar e emitir novas regulações relativas à venda de produtos financeiros complexos. De Guindos disse que a Espanha está realizando as reformas exigidas pela UE e espera que o bloco, em troca, reduza as dúvidas sobre o euro e ajude a diminuir os custos de financiamento do país.
"Se toda a máquina a UE for colocada em ação e dissipar as dúvidas sobre o euro", a Espanha pode economizar cerca de 12 bilhões de euros em pagamento de juros sobre sua dívida nos próximos dois anos, disse. "Não podemos permitir que parte das economias que estamos fazendo com os planos de austeridade do governo e os sacrifícios que pedimos aos nossos cidadãos sejam absorvidos em pagamento de juros de nossa dívida."