A inflação acumulada em 12 meses até julho, de 7,31%, foi a mais alta registrada pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) desde setembro do ano passado (7,45%). A inflação de julho foi de 1,52%, ante alta de 0,69% registrada em junho. No mês passado, foram os preços no atacado os principais responsáveis pela inflação. O Índice de Preços ao Produtor Amplo - Disponibilidade Interna (IPA-DI), componente do IGP-DI, passou de 0,89% para 2,13%. A alta está relacionada principalmente ao setor agrícola, cujos preços ao produtor passaram de 0,99% em junho para 5,31% em julho.
"Diante das novas condições climáticas, a demanda está forte, em comparação com a oferta disponível. O que fez o preço disparar não foi a demanda, mas a queda da oferta. Outro fator foi o reajuste de preço da gasolina e do óleo diesel", afirmou o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros.
Entre os destaques de alta do IPA-DI está o tomate, com aumento de 85,41% em julho, 131,85% acumulado no ano e 132,37% em 12 meses. O preço da soja acelerou de 6,39% em junho para 16,19% em julho. No ano, a alta é de 70,04% e, em 12 meses, de 69,05%. Já o milho passou de -2,12% em junho para 15,66% em julho. No ano, foram 7,32% de alta e, em 12 meses, queda de 3,22%. "Como a alta do milho começou depois da alta da soja, pode ser que o milho dê um pouco de sustentação ao IGP nos próximos meses. Hoje, estamos com a máxima pressão sobre o índice, mas algumas não vão desaparecer imediatamente. Precisará de ao menos dois meses para que isso aconteça", acredita Quadros.
Apesar da influência de alguns produtos agrícolas no atacado, a inflação do grupo alimentação desacelerou na passagem de junho para julho, de 1,37% para 1,29%, influenciada pela queda de alguns produtos. A variação de preço da batata inglesa passou de 32,42% em junho para -21,71% em julho. A inflação da carne bovina passou de -1,20% para -0,77%. "Com a carne bovina caindo de preço, dificilmente os produtores de aves e carne suína poderão elevar o preço. A carne bovina está funcionando como contrapeso do mercado", ressaltou Quadros.
No atacado, também foi destaque a alta de preço da gasolina de 5 15%, ante 2,56% no mês anterior. "A alta da gasolina para o produtor não será repassada ao consumidor, porque o governo utilizou a alternativa de reduzir a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico)", disse. A inflação dos combustíveis para consumo, incluída no grupo de bens finais, passou de 1,43% para 3,36%.
Já os combustíveis e lubrificantes para produção, classificados como bens intermediários, avançaram de 1,00% para 4,22%. Neste caso, a principal influência partiu do óleo diesel, cuja inflação passou de 1,30% em junho para 6,65% em julho. "Algumas mercadorias vão chegar mais caro ao consumidor, porque o frete encareceu. O segundo reajuste do diesel pode se repetir no IPC (Índice de Preços ao Consumidor). Mas é um efeito difuso", destacou o economista.