Enquanto a pauta básica de exportação mineira sofre com as turbulências econômicas vividas por países europeus, um tipo de produto se sobressai, garantindo a diversificação do comércio exterior. Bem diferente do café, do minério e outros itens tradicionais que dão peso à balança comercial mineira, as vendas externas dos produtos de alto teor tecnológico avançaram 8,3% no primeiro quadrimestre, segundo estudo da Fundação João Pinheiro. O crescimento supera a média nacional, que foi de 7,5% no período. Em Minas, o volume de negócios de janeiro a abril atingiu US$ 1,15 bilhão.
Os produtos intensivos em informação e conhecimento (PII&C) são divididos em cinco categorias. A que apresentou maior avanço foi a automotiva, aeroespacial, ferroviária e naval, com variação de 13,1% no período. O destaque se deu com a venda de produtos ligados ao setor aéreo. No primeiro quadrimestre, o volume de vendas ao exterior cresceu 143,2%. A variação é sustentada principalmente pela entrada em funcionamento do Polo de Asas Rotativas de Itajubá, no Sul de Minas, onde está instalada a fábrica da Helibras. Dos US$ 89 milhões que foram adicionados à pauta nos quatro meses, US$ 52 milhões foram relativos apenas aos helicópteros.
A pauta desses produtos é composta de itens que vão desde válvulas cardíacas até impressoras e tratores. A avaliação do governo é que o segmento tem potencialidade para crescimento mesmo em períodos de crise. “É um grupo de produtos que agrega mais valor que os tradicionais”, avalia a coordenadora do estudo e pesquisadora da Fundação João Pinheiro, Elisa Maria Pinto Rocha, ressaltando a importância de o estado estar atento para a diversificação das exportações. No entanto, apesar da evolução registrada nos últimos meses, Minas ainda exporta menos que a média nacional. Enquanto 21,3% da pauta nacional é oriunda desses segmentos, no estado, somente 11,1% do total está ligada a esse tipo de produtos.
Royaltes da mineração
Apesar da busca por um balança comercial mais equilibrada, produtos tradicionais são considerados essenciais para Minas. Reforçando a campanha do estado para elevar os royalties do minério, os governadores de Minas Gerais, Antonio Anastasia, e do Pará, Simão Jatene, estiveram em Brasília ontem para pressionar o governo a alterar as regras de exportação de minério. Os dois estados são os maiores produtores no setor. Eles se reuniram com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e com os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-MA), e da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS). O principal objetivo é evitar que a presidente Dilma Rousseff vete a emenda acrescentada pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) à medida provisória 563, aprovada no Senado na terça-feira. O item incluiu a Compensação Financeira sobre Exploração Mineral (CFEM), que obriga as empresas importadoras e exportadoras a pagar os tributos baseados no valor de mercado e não mais pelo declarado na nota fiscal de venda.
Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), essa é uma das maiores demandas de Minas e Pará. “Não se pede aqui nenhum benefício, mas justiça com essas regiões”, comentou. Segundo levantamento técnico do governo de Minas, a mudança deverá garantir acréscimo de cerca de R$ 300 milhões ao orçamento mineiro. Já Anastasia afirmou que o problema deverá ser resolvido de forma concreta quando o governo enviar ao Congresso um novo texto para o marco regulatório da mineração no país. “Enquanto isso, é fundamental haver medidas compensatórias como a da medida provisória”, destacou.