Depois de duas quedas consecutivas, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no acumulado dos últimos 12 meses voltou a subir na Grande Belo Horizonte, encerrando o período, com término em julho, em 5,75%. No Brasil, o indicador foi de 5,20%. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, em ambos os casos, têm como principais vilões o grupo despesas com alimentos, influenciado pelo preço do tomate, e o despesas pessoais, impulsionado pelo custo de empregados domésticos. A alta desses dois grupos levou o IPCA da Grande BH a fechar julho com variação de 0,39%. O percentual pode até parecer baixo, mas se torna robusto ao ser comparado com o de junho (0,07%).
O mesmo ocorreu em nível nacional, com o indicador crescendo de 0,08% para 0,43% no mesmo período. “O destaque em BH (dentro do conjunto alimentos) foi para o item tubérculos, raízes e legumes, principalmente para o subitem tomate (59,7%)”, reforçou Antônio Braz, técnico do IBGE. Na CeasaMinas, um dos maiores entrepostos do país, o valor da caixa do produto vendido no atacado disparou 134,3%. O responsável pela seção de informação de mercado do local, Ricardo Martins, explica que a alta se deve a problemas climáticos em outras regiões, levando produtores mineiros a enviar boa parte da produção para mercados de outros estados, sobretudo de São Paulo.
“Ao longo de agosto, o preço do tomate deve cair um pouco. Se o clima contribuir, o preço deve se reduzir ainda mais em setembro”, acrescenta Martins. Consumidores mineiros torcem para que o preço do tomate volte logo aos patamares de junho. “Comprei o quilo, em junho, a R$ 3,10. Na semana passada já estava R$ 7. É melhor levar carne para casa. Com R$ 7 dá para comprar meio quilo de contrafilé. Não é muito melhor levar, então, a carne para casa?”, questiona Luciano Amaurílio Nascimento Coelho, de 43 anos, morador de Ponte Nova, na Zona da Mata.
A disparada do preço do tomate “garantiu” o item alimentos fechar julho com alta de 0,89%, bem maior do que a inflação geral de BH (0,39%). O conjunto despesas pessoais também merece destaque, pois encerrou o período com variação de 0,87% na capital mineira. Neste caso, segundo o IBGE, o salto se deve, principalmente, ao aumento de 1,33% no custo com empregados domésticos.
Boa notícia
O IPCA, porém, não traz apenas notícias ruins. A boa- nova é a queda no preço de alguns produtos como o da cebola. O quilo do alimento, no confronto entre junho e julho, caiu 2,74% na Grande BH. “Até junho, havia oferta da importada no mercado, sobretudo da Argentina. Em julho, porém, a produção nacional cresceu e chegou ao mercado nacional. Provavelmente, o preço do alimento deve registrar novas quedas ao longo do segundo semestre”, acredita Ricardo Martins.
Outros alimentos também estão com preços mais baixos: abóbora (4,37%), alface (1,05%), couve (0,99%) e brócolis (3,54%). Da mesma forma, no grupo transportes, houve queda nos preços em razão da política do governo federal em estimular o consumo de veículos por meio da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do setor.