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Estado de Minas CRÉDITO E DÍVIDA JUNTOS

Inadimplência em BH sobe 6,35% e procura por crédito no país avança 8%


postado em 10/08/2012 06:00 / atualizado em 10/08/2012 07:21

Uma luz no fim do túnel: pesquisa da Serasa Experian divulgada ontem revelou que a quantidade de brasileiros que procuraram crédito em julho cresceu 2% em relação a igual período de 2011. É a primeira alta desde outubro de 2011 quando se leva em conta a comparação entre o mesmo mês de dois anos consecutivos. Frente a junho, o aumento foi de 8%. Já no acumulado do ano, o dado está negativo em 6%. Para os economistas da empresa, o resultado de julho mostra que a queda da taxa básica de juro (Selic), a redução de impostos em alguns setores e o aumento da renda começam a impactar a retomada da busca do consumidor por crédito.

Por outro lado, em Belo Horizonte, o endividamento é outro indicador que vem ganhando espaço, segundo dois estudos também divulgados ontem. A mesma combinação que estimulou os brasileiros a buscar mais crédito em julho – como a queda dos juros e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para alguns setores – se tornou uma armadilha aos consumidores com descontrole financeiro. Levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) mostrou que a inadimplência na capital subiu 6,35% entre junho e julho. Em relação a julho de 2011, o acréscimo na lista de mau pagador foi de 1,19%. Mas o dado mais preocupante ficou por conta de pesquisa da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio): 33% dos endividados não sabem quando vão quitar suas dívidas.

Esse último percentual é assustador porque superou – e muito – a média mensal histórica, entre 7% e 10%. “Para ter ideia, o índice de junho havia sido 10,7%”, comparou o economista Eduardo Ângelo, da Fecomércio, acrescentando que, além dos 33,3% dos inadimplentes que não sabem quando vão quitar as dívidas, outros 6,7% só vão honrar os compromissos financeiros depois de 90 dias. Na prática, os dois indicadores respondem por quatro em cada 10 endividados. “Ficamos assustados com o resultado. É o famoso ‘devo e não nego, mas pago quando puder’”, disse Eduardo Ângelo, enfatizando que a causa do calote é o descontrole financeiro.

Dinheiro de plástico


Tanto que o índice de endividamento, também medido pela entidade que trabalha, subiu de 66,4% para 69,3%. E sabe qual o principal caminho que levou a esse cenário? O uso errado do cartão de crédito, que lidera os endividamentos, com parcela de 55,2%. Não é difícil entender o porquê: o aumento da renda das famílias brasileiras levou muita gente a ter o primeiro acesso ao chamado dinheiro de plástico. O perfil do inadimplente, traçado pela Fecomércio, concluiu que 91% dos endividados têm rendimento mensal de até cinco salários mínimos (R$ 3.110).

“As pessoas têm consciência que usam esse meio de pagamento de forma indisciplinada. É necessário transformar essa percepção em ações concretas para atingir o equilíbrio no orçamento familiar e evitar a inadimplência”, ressalta o economista Gabriel de Andrade Ivo. Na mesma linha, recomenda o vice-presidente da CDL-BH, Marco Antônio Gaspar: “O uso inadequado deste crédito e o consumo de forma inconsciente contribuíram para um crescimento dos índices de inadimplência. Daí a importância do planejamento financeiro”. Segundo a CDL-BH, o aumento de registros no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) entre junho e julho (6,35%) se refere, principalmente, às compras parceladas para os dias das Mães e o dos Namorados.
 
Nome limpo para comprar mais
 
O alto índices de inadimplência apurado em julho pela CDL-BH não deve se repetir nos próximos meses, pois, como explica a economista da entidade, Ana Paula Bastos, boa parte dos endividados resgatam o nome do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) para voltar a parcelar compras em razão do Dia das Crianças, em outubro, e, principalmente, devido ao Natal, a melhor data do varejo nacional.

“A maioria dos trabalhadores também recebe as duas parcelas do 13º terceiro salário no segundo semestre”, completou. A gratificação natalina é uma das principais fontes para “limpar” o nome da lista dos maus pagadores. Em julho, o número de pessoas que deram baixa no SPC subiu 3,17% no confronto com junho. A consultoria Serasa Exsperian não divulgou os motivos que levaram mais brasileiros a procurar crédito, mas, parte deles pode ter como objetivo retirar o nome do SPC.

Segundo a consultoria, em julho, a demanda do consumidor por crédito reagiu com mais força na população de baixa renda. “As maiores taxas de avanço ocorreram entre os consumidores que ganham até R$ 500 por mês (7,9%), até R$ 1 mil (8%) e entre R$ 1 mil e R$ 2 mil (8,2%)”, informou o relatório da Serasa.

Ainda de acordo com o estudo, o aumento da procura por crédito foi maior em todas as regiões do país na comparação com junho: Sul (8,8%), Centro-Oeste (8,7%) e Nordeste (8,6%) liderando as altas. Na Sudeste houve crescimento de 7,7% no período, enquanto, na Norte, o avanço foi de 3,8%”.
 
Gastronomia fatura com o Dia dos Pais
 
Ao contrário do varejo geral em Belo Horizonte, que prevê aumento máximo de 3,5% nas vendas em razão do Dia dos Pais, os donos de restaurantes, pizzarias, choperias e lojas de vinho estão animados com a data comemorada no domingo. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel MG) espera aumento de 50% no faturamento. O salto, porém, não se deve apenas à data: os comerciantes apostam em diferentes estratégias para atrair a clientela, como novidades no cardápio, promoções, jogos e brincadeiras.

 “Parte expressiva da receita da alimentação fora do lar em agosto é decorrente do aumento de consumo nos restaurantes no Dia dos Pais”, explica Fernando Júnior, presidente da entidade. O Xico da Carne, por exemplo, preparou programação lúdica entre as 12h e as 16h, horário em que a garotada poderá confeccionar lembrancinhas, como cartões e gravatas, com materiais reciclados para presentear os pais. “Estimamos um público 20% maior em nossas três unidades”, diz o diretor do grupo, Rodrigo Nascimento, acrescentando que outro chamativo será o festival de algodão doce e pintura facial para os pequenos.
O proprietário da Pizza Sur, Gustavo Roman, acredita num movimento 30% maior nas três casas da rede. “É muito mais cômodo e prazeroso acordar e levar o pai para um descontraído almoço do que preparar tudo em casa”, disse. Já na Royal Vinhos, com duas unidades na capital e mais de 1 mil rótulos à venda, as promoções devem impulsionar as vendas em até 15%. “Culturalmente, a bebida é um bom presente para a data, além de acompanhar bem o almoço de domingo”, comenta o empresário Cristóvão de Morais Filho.

Chamativos

O tradicional restaurante e choperia Pinguim, que espera aumento de 25% no público e de 15% na venda da bebida. Tem como chamativo o cardápio variado. “Haverá um buffet especial. Pratos como caneloni e costelinha barbecue poderão ser saboreados à vontade pelo preço único de R$ 39,90. Já para o fim de tarde e à noite, nosso cardápio conta com mais de 130 pratos”, afirma a gerente de Marketing da casa, Carolina Gonzalez Martini. Ela estima um público em torno de 500 pessoas.

Na choperia Krug Bier, a equipe de funcionários será reforçada para atender a expectativa de aumento de 20% no público em relação aos dias normais. A casa aguarda cerca de 600 pessoas. O chamativo não será apenas a bebida gelada: a Krug vai oferecer pratos com filé, salmão e outros ingredientes. O Baby Beef também aposta num aumento considerável no público. Nos domingos normais, a casa serve de 700 a 900 rodízios. Para o Dia dos Pais, a previsão é chegar a 1,2 mil unidades. (PHL)


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