As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a sexta-feira em alta, com ganhos consistentes na ponta longa da curva a termo, em meio a notícias ruins sobre a safra de grãos nos Estados Unidos e aos temores de que o governo brasileiro possa aumentar os preços da gasolina em um horizonte próximo. Os dois fatores, que carregam um viés inflacionário para a economia local, abriram espaço para o aumento dos prêmios, apesar da preocupação dos investidores com o nível de atividade no Brasil.
Ao final da sessão regular da BM&F, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2013 (176.670 contratos) marcava 7,28%, na máxima, ante o ajuste de 7,27% na véspera. A taxa do DI para janeiro de 2014 (272.875 contratos) estava em 7,82%, também na máxima, ante 7,77% do ajuste anterior. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (84.230 contratos) tinha taxa de 9,25%, ante ajuste de 9,15%, e o DI para janeiro de 2021 (2.020 contratos) marcava 9,88%, de 9,74% do ajuste.
Pela manhã, as notícias de que as exportações chinesas cresceram apenas 1% em julho ante junho, bastante abaixo das previsões de alta de 8% e do aumento de 11,3% de junho ante maio, espalharam o pessimismo pelos mercados. O medo de que o ritmo de desaceleração da China esteja mais rápido do que o previsto ampliou as dúvidas sobre o crescimento global. Este cenário abriu espaço para, em um primeiro momento, a queda nas taxas dos contratos futuros de juros no Brasil.
Porém, a divulgação do relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) sobre a safra de grãos no país mudou o quadro. Entre outros dados, o USDA informou que a produção de milho norte-americana deve atingir 10,779 bilhões de bushels (273,8 milhões de toneladas) este ano, uma forte queda ante os 12,97 bilhões de bushels (329,4 milhões de toneladas) projetados no mês passado. Além disso, o estoque final de soja do país no ciclo 2011/2012 deve ficar em 145 milhões de bushels (3,95 milhões de toneladas), ante os 170 milhões de bushels (4,63 milhões de toneladas) previstos anteriormente. Na prática, o relatório indicou que a pressão de alta sobre os preços dos grãos deve continuar, o que traz reflexos para a economia brasileira.
A preocupação com a pressão dos grãos somou-se ao receio, difundido entre os operadores, de que o governo brasileiro possa anunciar reajustes nos preços dos combustíveis. O balanço trimestral ruim da Petrobras e informações de que o governo prometeu à companhia reajustar a gasolina seguem no radar.
Em reação a isso, as taxas dos DIs no mercado futuro se firmaram em alta durante a tarde, em especial nos vencimentos mais longos. O movimento ocorreu a despeito da percepção de que a atividade no País ainda fraqueja e o cenário externo é ainda pior.