O pessimismo em relação ao crescimento da economia brasileira já contaminou 2013, inclusive em setores do governo. O segundo semestre de 2012 mal começou e a perspectiva de retomada mais vigorosa da atividade econômica no ano que vem perde força com os sinais de que as medidas de estímulo ao crescimento não estão surtindo efeito na velocidade esperada.
A economia não reage como o planejado e, segundo admitem alguns técnicos, a presidente Dilma Rousseff corre o risco de ver um Produto Interno Bruto (PIB) mais forte só em 2014, último ano do seu governo. Embora os integrantes da equipe econômica se esforcem para manter em público o discurso de otimismo, internamente o ceticismo já se instalou. Há grande preocupação com o risco de o PIB deste ano fechar abaixo de 2%, possibilidade que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou recentemente de "piada", que, por enquanto, não pode ser descartada.
O que já se sabe é que o processo de retomada se dará lentamente. Isso se o cenário global não piorar mais. Fontes do governo ouvidas pelo Estado relataram que o cenário não é positivo e que há grande incógnita principalmente em relação aos efeitos da crise no mercado de trabalho - ainda preservado no Brasil.
Se o emprego for atingido, o quadro se complica. Um dos indicadores que chamam a atenção é o atraso das encomendas de Natal, que tradicionalmente começam a ser feitas à indústria neste período do ano. "Ainda não estamos vendo boa recuperação no terceiro trimestre", admite uma fonte do Ministério da Fazenda.
Há indicações de que as condições de crédito, que ainda não deslancharam, podem atrasar ainda mais a recuperação, apesar de a Selic estar no mínimo histórico. Essa preocupação levou Mantega, na semana passada, a reunir os dirigentes dos maiores bancos para pedir expansão do crédito. Novas medidas na área estão em estudo no governo, segundo fontes.