A Petrobras, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) vão lançar os primeiros editais do Programa Inova Petro, no dia 17 de setembro, em evento do setor de petróleo e gás.
Lançado hoje, o Inova Petro vai estimular a produção nacional de máquinas e sistemas nas áreas naval, de petróleo e gás. Serão destinados inicialmente R$ 3 bilhões em recursos, pelo BNDES e a Finep. À Petrobras caberá o suporte técnico, desde a fase de seleção até o desenvolvimento dos produtos.
O programa integra a política de tornar a indústria nacional mais competitiva, o Plano Brasil Maior, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). “A cadeia do petróleo e gás, como o pré-sal, essa fronteira que nós estamos desbravando, está para a economia brasileira como esteve a corrida espacial para a economia americana no século passado”, destacou o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, no lançamento do programa.
Definido como um acordo de inovação técnica, o Inova Petro terá investimentos paritários de suas duas fontes e utilizará três mecanismos distintos: o crédito, por meio do qual se fará a grande maioria do aporte; a subvenção, com recursos diretos para projetos de risco, totalizando R$ 150 milhões da parte da FINEP; e a participação acionária, como forma de reforço de capital, por parte do BNDES.
“Nós temos o conjunto de instrumentos adequados para apoiar a cadeia produtiva. Temos inclusive a possibilidade de apoiar projetos de risco mais alto com recursos não reembolsáveis, vencendo aquilo que os especialistas chamam de vale da morte do processo de pesquisa e desenvolvimento, que é a conexão dos elos mais difíceis, que vêm desde a concepção teórica dos sistemas até a sua engenharia operacional concreta, que permita criar sistemas eficientes e competitivos de produção”, observou o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Segundo a presidenta da Petrobras, Graça Foster, em 2003, a participação nacional na área de exploração e produção de petróleo estava entre 40% e 55%. Em abastecimento, o percentual ficou em 82% e em gás e energia, 70%. Hoje, revelou, a participação nessas áreas está em cerca de 65%, 92% e 90%, respectivamente. A empresa aumentou também seus investimentos globais no período, de US$ 6 bilhões para US$ 45 bilhões, projetados para este ano.
Nesse cenário, Graça Foster destacou a importância da inovação no setor. “Que haja essa busca pela inovação, essa busca pela tecnologia melhor de ser aplicada. Os números mostram para nós que ainda temos, com a tecnologia atual em nosso mercado, de dar alguns passos a mais em favor de um conteúdo [nacional] maior. O fato é que devemos fazer isso com excelência, manter uma competitividade e trabalhando pelos melhores prazos”, disse.
A presidenta da Petrobras avaliou como viável que, em até dez anos, as empresas nacionais passem a exportar bens e serviços. Além do suporte técnico, a Petrobras vai deixar à disposição da indústria os sítios de testes. “A Petrobras vai até, se for o caso, usar patentes nisso, para contribuir com a indústria nacional”, disse o gerente executivo do Centro de Pesquisas Leopoldo Miguez (Cenpes), Marcos Assayag.
O Inova Petro prevê também a aplicação de recursos em pesquisas nas universidades, com recursos da subvenção da Finep, de acordo com o presidente da agência de fomento tecnológico, Glauco Arbix. “Os desafios do pré-sal oferecem uma chance única de transformarmos a pauta da pesquisa em nossas universidades. Mais que isso, podemos, na pauta do pré-sal, ampliar e utilizar a pesquisa e o desenvolvimento nas empresas brasileiras, em áreas dominadas por empresas estrangeiras”.