A taxa de maus pagadores caminha em sentido aposto ao do endividamento das famílias. Segundo o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor, o índice de pessoas que não quitaram as dívidas no prazo caiu 1,5% em julho na comparação com junho. É a segunda vez desde 1999 – ano em que o indicador foi criado – que a inadimplência registra variação negativa no período. Comportamento semelhante havia sido registrado em 2005, quando a taxa caiu 3,9% entre junho e julho.
Historicamente, o índice sobe em julho, puxado pelas compras parceladas do Dia das Mães, Dia dos Namorados e gastos com as férias escolares. “Os brasileiros têm dado prioridade à quitação dos débitos”, observa o economista da Serasa Experian Carlos Henrique de Almeida. O que significa que, mesmo comprometendo maior parte da renda para saldar dívidas, os consumidores têm aumentado os esforços para honrar os pagamentos em dia. Principalmente com os bancos, modalidade em que as dívidas caíram 4% (veja quadro).
A queda na taxa contou também com ajudas importantes. “Juros menores associados ao pagamento de lotes com valores recordes do Imposto de Renda contribuíram para o resultado”, avalia Carlos Henrique. Os sucessivos cortes da taxa básica de juros (Selic) permitiram renegociação das dívidas e troca de financiamentos e empréstimos mais caros por outros com custo reduzido. Atrelado ao barateamento do crédito, o mercado recebeu mais de R$ 5 bilhões entre junho e julho com as restituições do IR , sendo R$ 2,5 bilhões no primeiro lote e R$ 2,6 bilhões no segundo.
A VOLTA AO CONSUMO - O desempenho de julho pode configurar uma tendência para os próximos meses. “É a segunda queda mensal. Na comparação mês a mês, o índice vem crescendo menos desde abril”, afirma Carlos Henrique. A notícia deve ser bem recebida pela indústria ligada ao setor de bens de consumo, que espera o retorno dos consumidores endividados ao consumo como forma de alavancar a produção este ano.