O dólar segue em alta em relação ao real na abertura da sessão doméstica desta quarta-feira, mas a direção até o fim do dia depende dos números referentes à inflação e à atividade nos Estados Unidos, que serão anunciados nesta quarta-feira. Esses indicadores podem ampliar as incertezas entre os investidores sobre se o Federal Reserve deve implementar medidas de estímulo econômico em breve. Por aqui, os dados do fluxo cambial e o anúncio do pacote para estimular a infraestrutura devem ser acompanhados, mas não tendem a ter efeito sobre os negócios.
Por volta das 9h20, o dólar à vista no balcão subia 0,05%, a R$ 2,0280, na cotação mínima após a abertura. Na máxima, foi a R$ 2,0300, em alta de 0,15%. Na BM&FBovespa, o contrato futuro do dólar com vencimento em setembro de 2012 estava estável, a R$ 2,0345, depois de caiar 0,02%, a R$ 2,034, na mínima, e bater uma máxima a R$ 2,0375 (+0,15%), até este horário.
No mesmo horário, no exterior, o dólar norte-americano ganhava terreno em relação a moedas correlacionadas com commodities, com altas entre 0,10% e 0,20%. Em Nova York, no mesmo horário, o euro caía a US$ 1,2283, de US$ 1,2321 no fim da tarde de terça-feira.
A moeda única é abatida pela notícia divulgada ontem pelo jornal Financial Times (FT), de que a Grécia pretender propor aos seus credores internacionais a extensão de dois anos no cumprimento das metas de austeridade fiscais.
Essa notícia foi capaz de zerar os ganhos exibidos pelas Bolsas de Nova York, nesta terça-feira, e contamina os negócios entre as principais bolsas europeias na manhã de hoje, em uma sessão novamente marcada pela baixa liquidez. Para esta quarta-feira, porém, os investidores aguardam os dados dos EUA sobre a inflação ao consumidor (CPI) e a atividade industrial, ambos em julho, às 9h30 e 10h15, respectivamente.
Um operador de tesouraria de um banco local lembra que o aumento bem acima do esperado das vendas no comércio varejista dos EUA em julho, divulgado na quarta-feira, diluiu as expectativas de parte do mercado financeiro quanto a iminentes medidas de estímulo econômico a serem tomadas pelo Fed. Para ele, a primeira alta das vendas no varejo do país desde fevereiro realça a visão de que a recuperação econômica norte-americana segue lenta e atribulada, mas ainda sem a necessidade de novos impulsos.
Caso a agenda econômica norte-americana do dia - que traz ainda a divulgação do índice de atividade regional Empire State (9h30), do fluxo líquido de capitais de/para o país, do índice de confiança das construtoras de casas (11h) e dos estoques semanais de petróleo bruto e derivados (11h30) - seja capaz de reverter as perdas iniciais exibidas no mercado acionário e alargar o yield (retorno ao investidor) dos Treasuries, é possível que o dólar sustente o patamar de 79 ienes. Ainda no mesmo horário, a moeda norte-americana subia a 79,04 ienes, de 78,74 ienes no fim da tarde de ontem em Nova York.
Em relatório, a diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares, ressalta que novas medidas de estímulo à economia dos EUA por parte do Fed tenderiam a enfraquecer o dólar e, alguns investidores, prevendo isso, vinham comprando ienes contra o dólar. "Algumas dessas posições, porém, foram desfeitas em reação aos indicadores norte-americanos", explica.
Internamente, o Banco Central anuncia os dados do fluxo cambial e a posição dos bancos até o dia 10 de agosto. Ainda no Brasil, o governo lança nesta quarta-feira um pacote de concessões em rodovias e ferrovias, que vão deixar de fazer parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e serão entregues à iniciativa privada.