Há espaço na economia brasileira para expansão do crédito de forma sustentável nos próximos anos. A afirmação é do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Ele justificou que a demanda mostra que a concessão de empréstimos no Brasil pode crescer sem provocar problemas de insolvência para o sistema financeiro.
Em palestra durante congresso da Federação Brasileira de Veículos Automotores (Fenabrave) nesta sexta-feira, Tombini ressaltou que o sistema financeiro nacional apresenta altos níveis de liquidez e capital. Ele adverte, no entanto, que diante do novo cenário "deveremos ver mudanças" nas instituições financeiras, com o aperfeiçoamento na forma de avaliação de risco nas operações de crédito, o que dará mais condições para crescimento.
O presidente do BC também mandou um recado para os especialistas que consideram que as condições dos consumidores brasileiros para tomar crédito alcançaram patamares elevados e arriscados. "O endividamento das famílias não é elevado na comparação com outros países", disse. Ele argumenta que o Brasil tem bons fundamentos econômicos, gera empregos e está em ascensão, processo que é duradouro e tem boa perspectiva de ser mantido nos próximos anos.
Do ponto de vista da oferta de recursos ao mercado, Tombini lembrou que, desde março, os bancos contam com a central de crédito do BC, além do cadastro positivo que confere maior segurança à liberação de financiamentos.
Sob o aspecto da demanda, ele citou informações recentes sobre queda na inadimplência e destacou que as dívidas das famílias são em grande parte de curto prazo. Além disso, na avaliação do presidente do BC, contribui o ambiente de taxa de juros e spread bancário (diferença do custo do dinheiro pago pelos bancos e por quanto oferecem aos consumidores) mais baixos.
Tombini reforçou, porém, que a autoridade monetária se mantém atenta à forma de expansão de crédito. "O Banco Central não hesitará em adotar medidas contra ameaças ao sistema financeiro, se necessário."
Sobre as recentes viagens a Nova York e Londres para encontros com investidores estrangeiros, o presidente do BC contou que as expectativas em relação ao Brasil no exterior são "positivas", mencionando que o País tem criado condições para crescer e reduzir desigualdades, o que estimula investimentos.