A Espanha apresentará em breve o pedido de transferência de uma primeira parcela da ajuda europeia, de até 100 bilhões de euros, concedida aos bancos, afirmou nesta sexta-feira uma porta-voz do ministério da Economia sem informar o montante requerido. "O Banco da Espanha está analisando o montante", afirmou a fonte.
As autoridades estão estudando que quantia pedir para os bancos nacionalizados, entre eles o Bankia, o primeiro que se beneficiará do pacote de ajuda emergencial de 30 bilhões de euros já disponível.
O Eurogrupo concedeu em junho passado à Espanha uma ajuda de 100 bilhões de euros para sanear seu setor financeiro, debilitado por suas exposição ao setor imobiliário, atingido desde a explosão da bolha imobiliária em 2008.
Com 164,361 bilhões de euros (203,300 bilhões de dólares), os ativos duvidosos do banco espanhol, principalmente empréstimos imobiliários suscetíveis de não serem devolvidos, pulverizaram em junho todos os recordes, com 9,42% do total de créditos, anunciou na sexta-feira o Banco da Espanha.
A inadimplência, por sua vez, alcançou 8,96% em maio, segundo dados revisados, e 8,72% em abril. Esses dados são recordes desde fevereiro de 1994, quando marcaram 9,15%. Este novo recorde confirma a deterioração do setor financeiro espanhol, que preocupa os mercados e aos sócios europeus da Espanha. Um primeiro pacote de ajuda urgente, de 30 bilhões de euros, já foi transferido ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), como previsto no plano aprovado ao final de julho.
E as primeiras entidades a se beneficiarem dessa ajuda serão as quatro entidades nacionalizadas desde o início da crise (Bankia, Catalunha Caixa, Novagalicia Banco e Banco de Valência), disse nesta sexta-feira o porta-voz do Ministério da Economia.
A nacionalização parcial do Bankia em maio, seguida de um pedido de ajuda recorde de 19 bilhões de euros - que se somava a uma primeira injeção de 4,5 bilhões - precipitou o pedido de ajuda da Espanha a seus sócios da Eurozona.
Duas auditorias independentes encarregadas pelo governo espanhol estimaram as necessidades de capital do conjunto dos bancos espanhóis em no máximo 62 bilhões de euros. A quantidade precisa, no entanto, não será conhecida até a publicação em setembro de um estudo mais detalhado.
A asfixia dos bancos espanhóis, que sofrem para obter financiamento em um mercado que desconfia de sua saúde, paralisa também a economia real: o volume dos créditos concedidos pelos bancos não caem desde 2009.
A falta de crédito contribui para o retrocesso de uma economia em recessão, que ao final de junho registrou uma nova porcentagem de desocupação recorde, de 24,63% da população ativa, e mais de 53% entre os menores de 25 anos. Afetada por um draconiano plano de austeridade, destinado a reduzir déficit público a 6,3% do PIB este ano (frente aos 8,9% de 2011), a Espanha não consegue reativar seu crescimento.
No primeiro trimestre deste ano, a economia espanhola voltou a entrar em recessão e isso deve agravar-se no segundo, segundo cifras provisórias. O país terminará o ano com uma queda de 1,5% do PIB, segundo o governo. As autoridades de Madri preveem um retorno ao crescimento a partir de 2014.