O crescimento de 0,75% da atividade econômica em junho, de acordo com o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) divulgado hoje pelo Banco Central, sinaliza tendência de melhora da economia no segundo semestre. A avaliação é do economista Marcos Formiga, diretor presidente do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. “Esse valor positivo de 0,75% no mês de junho aponta para chegarmos a um crescimento em torno de 2% ao longo do ano”, disse, em entrevista à Agência Brasil.
Já para 2013, o cenário vislumbrado por Marcos Formiga se aproxima de 4% para o desempenho da economia brasileira como um todo. Mesmo assim, ponderou que a economia nacional ainda não estará livre de efeitos da crise mundial. “A crise é duradoura. E mesmo com esses efeitos colaterais mais leves no Brasil, ela ainda persistirá em alguns setores”.
Entre esses, estão os setores mais ligados à indústria, em especial o de manufaturas, e os que já vêm perdendo mercado em razão da forte concorrência externa, como calçados, têxteis e móveis. É nesses setores, segundo o economista, que se identificam tendências de desindustrialização. A seu ver, o Brasil precisa se preparar para esse embate.
O presidente do Centro Celso Furtado ressaltou que o Brasil, embora ocupe a sexta posição no Produto Interno Bruto (PIB) mundial, está, paulatinamente, descolando a posição relativa de sua indústria. Dados recentes, disse, apontam o Brasil na décima classificação entre as maiores indústrias do mundo, “quando a economia é a sexta [colocada]”. A Coreia aparece em décimo primeiro lugar, com uma indústria muito dinâmica, capitalizada e centrada no conhecimento, disse.
Por isso, considerou que, “em um embate entre a indústria coreana e a indústria brasileira, em termos de participação relativa no PIB, é possível que a força que tem a economia do conhecimento, muito bem desenvolvida na Coreia, possa ultrapassar a posição relativa do Brasil”.
Marcos Formiga acrescentou que para crescer e dar emprego à juventude que chega, anualmente, ao mercado de trabalho, o Brasil teria de crescer, “no mínimo”, 5%. “Esse seria o percentual desejável”. Disse, porém, que o Brasil não vai atingir essa taxa, como consequência ainda de alguns problemas relativos à crise internacional, que chega aqui de forma mais branda.