A decisão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que proibiu as vendas de novas linhas de TIM, Claro e Oi nos estados onde as companhias lideram o ranking de piores serviços prestados derrubou as vendas de novas habilitações de celulares e internet móvel em julho, levanco as operadoras a vender apenas 279,72 mil linhas de celulares e de internet móvel no mês passado, o pior desempenho para o mês nos últimos 12 anos.
As duras sanções impostas pela Anatel à TIM, com bloqueio de suas vendas por 12 dias em 19 estados, somadas à recente notícia de fraude na atividade da operadora de telefonia móvel, fizeram suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa) acumularem até ontem perdas de R$ 2 bilhões. Com a desvalorização de 9% do capital, desde 23 de agosto, começo da punição contra três empresas nacionais em razão de má qualidade dos serviços, os papéis negociados valem, agora, R$ 21 bilhões.
A diretoria da concessionária espera recuperar nas próximas semanas eventuais perdas nas vendas, mas admite que levará muito tempo para superar os prejuízos de imagem. “O maior impacto que sofremos veio das vendas de ações em posse de estrangeiros. Eles ficaram apavorados”, revelou Rogerio Tostes, diretor de relações com investidores estrangeiros da TIM Brasil.
Segundo ele, os acionistas internacionais representam cerca de metade do capital da empresa e ficaram particularmente preocupados com uma eventual escalada de intervenção estatal no setor. “Apesar dos esclarecimentos prestados pela companhia, os sócios de fora tendem a se assustar com movimentos regulatórios inesperados no mercado”, explicou.
O executivo lembrou que as ações da empresa no país estão listadas há cerca de um ano no Novo Mercado, espaço de negociação da BM&F Bovespa reservado às mais comprometidas com a transparência contábil e o relacionamento com acionistas. "Essa mudança, associada ao avanço de mercado da TIM, que alcançou a vice-liderança em julho do ano passado, desbancando a Claro, torna os papéis da operadora um dos de maior valorização nos últimos três anos", ressaltou.
Recompra A TIM planeja manter nas próximas semanas com a estratégia adotada para recuperar sua reputação. Estão previstas novas ações de marketing e mídia, como a recente campanha do Dia dos Pais, além de acelerar investimentos em infraestrutura e atendimento, pactuados com a Anatel. Por outro lado, a política aos investidores não mudará. Tostes revela, contudo, que a empresa estuda recomprar suas ações, aproveitando a recente queda de preços , com foco em melhores cotações. “O mercado passa por momento difícil, antes mesmo da crise no setor”, acrescentou ele, lembrando que o papel da operadora saiu de valorização de 4,2% no primeiro trimestre de 2011 para 0,7% em igual período deste ano.