Faltam 13 dias para o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na venda de automóveis fabricados no país e, enquanto o governo não decide se prorroga ou não o benefício, os consumidores lotam as concessionárias dispostos a pagar adiantamento para garantir o desconto na compra do carro zero quilômetro. Em Belo Horizonte, revendas chegaram a adquirir lotes extras de veículos para manter as vendas aquecidas. Do seu lado, os consumidores estão dispostos a deixar um sinal de até 30% para o caso de conseguirem garantir o desconto. A redução termina em 31 de agosto. A expectativa do setor automotivo é de que o governo, atento ao desempenho da indústria automotiva, prorrogará o incentivo para continuar estimulando o crescimento da economia.
Diante de um salão lotado de clientes interessados em adquirir um automóvel, Paulo César Gouveia, gerente da Carbel, explica que, além do lote de 565 carros adquiridos este mês, a empresa comprou outros 200 para manter o desconto e as vendas. Somente em agosto, de acordo com ele, o movimento de compra de veículos cresceu 40%. Na manhã de ontem, Gouveia explicava que para garantir o desconto a empresa está exigindo 30% de entrada. De acordo com Fabiana dos Santos, gerente de vendas da BH Ford, este mês a especulação sobre a prorrogação ou não do benefício fiscal foi muito forte, o que deixou os clientes indecisos para fechar negócio. %u201CEles estão esperando, tem muita pesquisa de preço, mas o maior interesse diz respeito à prorrogação.%u201D Desde que a isenção começou, ela sustenta que as vendas dobraram. %u201CEram 50 carros por mês, depois passaram para 100, com a ajuda do IPI.%u201D A revenda está fazendo uma fila para os clientes interessados nos carros mais vendidos, como o Ford Ka e o Fiesta. Mas é preciso deixar um sinal em dinheiro. O pedido está sujeito a cancelamento se o veículo for faturado após 31 de agosto sem prorrogação do desconto. Nesse caso, o cliente recebe o dinheiro de volta. A psicóloga Mônica Guisoli vai comprar um Ford Fiesta à vista, mas o automóvel não está disponível no estoque da concessionária. Por isso, ela deixou um sinal de R$ 500 como reserva. A ideia é tentar economizar entre R$ 3 mil e R$ 4 mil com a isenção do imposto. A previsão de entrega do veículo é de 30 dias. %u201CDeixei um sinal de R$ 500 e fiz a reserva. Mas, se o IPI não for prorrogado e não der tempo de comprar, posso desistir do negócio e recebo o sinal de volta%u201D, explica. Já o comerciante Carlos Alberto Brum e sua esposa, a auxiliar administrativa Vilma Pinheiro, vão comprar um Gol 1.0 e garantiram o desconto porque o veículo é para pronta entrega. %u201CQueremos aproveitar a redução de preços%u201D, concordam. Por outro lado, a química Thays Matos e o engenheiro Leopoldo de Castro estão pesquisando os preços do Gol, mas só aceitam dar um sinal caso a empresa ofereça garantia do desconto fiscal. %u201CSe derem a redução do IPI, vamos comprar%u201D, diz Thays. O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, afirma que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já mostrou que o governo está sensível aos números e não vai deixar de usar uma medida que deu certo e comprometer ainda mais o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.