A alta do otimismo apontada na prévia da Sondagem da Indústria de agosto foi puxada pelo segmento de bens duráveis, especialmente automóveis, e não reflete uma melhora de ânimo disseminada. De acordo com o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloisio Campelo, a melhora nesse setor é resultado dos estímulos dados ao consumo pelo governo.
"É o setor automotivo, principalmente, que está na raiz disso. Os bens duráveis estão com influência grande (no resultado). Com a colocação dos estoques no mercado esse segmento já tem uma perspectiva de voltar a produzir mais aceleradamente", avalia. Segundo ele, também houve melhora no setor de eletroeletrônicos, porém um pouco menos expressiva.
O avanço da confiança se concentrou fortemente na avaliação sobre a situação atual. Para Campelo, depois de um segundo trimestre de projeções de retomada da demanda frustradas, os empresários agora estão mais cautelosos em suas expectativas para os próximos meses.
Segundo ele, a prévia de agosto traz sinais de recuperação em bens de capital, apoiada no segmento de ônibus e caminhões. Campelo ressalta, porém, que a situação ainda é ruim para esse setor. "Isso se dá muito mais por esse segmento, composto por bens de capital não da indústria, mas do setor de serviços de transporte", afirmou. Ele acrescenta que em máquinas e equipamentos ainda não há sinais muito favoráveis.