Os preços dos contratos futuros de petróleo chegaram a seus níveis mais altos dos últimos três meses, estimulados pelas tensões no Oriente Médio e pela perspectiva de perturbações no Mar do Norte, além de expectativas de novas medidas de estímulo vindas dos grandes países consumidores.
O barril de Brent negociado em Londres alcançou na quinta-feira US$ 117,03, um recorde desde o dia 3 de maio, antes de recuar ligeiramente, enquanto que o Texas WTI, cotado em Nova York, superou nesta terça-feira a barreira dos US$ 97 o barril pela primeira vez em três meses.
Desde o final de junho, os preços dos contratos futuros de petróleo dispararam mais de 30% em Londres e mais de 25% em Nova York, apesar do baixo volume de negócios decorrente do período de férias.
"As tensões geopolíticas no Oriente Médio continuavam sendo o principal motor do mercado, porque alimentam as preocupações sobre o nível de produção mundial", explica Myrto Sokou, analista da Sucden.
No Irã, a oferta de petróleo tem sido também muito afetada pelas sanções internacionais, algo que os países do Golfo não tem conseguido compensar. "O mercado está cada vez mais nervoso com a ideia de um agravamento das perturbações na região", disse Leo Drollas, economista do centro de estudos CGES, de Londres.
Teerã continua ameaçando a estratégica passagem do estreito de Ormuz, sob seu controle, por onde passa um terço do tráfico marítimo petroleiro mundial. Os rumores contínuos da imprensa israelense sobre um ataque de Israel contra as instalações nucleares iranianas alimentaram nos últimos dias o nervosismo dos investidores, preocupados também com o contágio à zona da violência na Síria.
Plataformas no Mar do Norte A febre do mercado também se explica pelas próximas operações de manutenção, excepcionalmente importantes, de muitas plataformas petrolíferas do Mar do Norte, uma região cuja produção já sofreu em julho as consequências de uma greve de operários suecos na região.
"Estas operações de manutenção podem provocar um retrocesso de 17% da produção de petróleo do Mar do Norte em setembro com relação a agosto", a um nível historicamente baixo, explicam especialistas do Commerzbank.
Com relação à demanda, o mercado está se beneficiando de um otimismo prudente dos operadores, apoiado nas reduções dos estoques de petróleo dos Estados Unidos, que em julho haviam alcançado seu nível mais alto há 22 anos. "O consumo mundial de petróleo parece relativamente robusto, apesar das dificuldades econômicas e das incertezas na zona do euro", disse Sokou.
Além disso, os mercados têm sido estimulados nas últimas semanas pelas esperanças de uma intervenção das autoridades nos Estados Unidos, China e Europa para estimular suas economias, o que influenciaria a compra de petróleo", explica o CGES. "Contudo, a prudência continua sendo crucial, pois a alta atual dos preços do petróleo continua sendo reflexo de especulações e não tanto de um aumento real do consumo", disse o analista David Hufton.