É sobre este período que se concentram as esperanças do setor em acelerar os ganhos até então retraídos. “Serão meses mais dinâmico em termos de demanda. Sem contar que haverá grande fluxo de abertura de lojas”, estima Enzo Danna, diretor da ECD, consultoria especializada no mercado de food service. O otimismo do mercado já tem reflexos na indústria, que começa a ver luz no fim do túnel. O Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (Icei-MG) divulgado pela Federação das Indústrias do estado (Fiemg) cresceu 1,7 ponto entre julho e agosto, depois de dois meses seguidos de queda.
Na expectativa de aumentar em oito vezes o número de clientes, a Plena Alimentos não poupa investimentos para crescer a reboque do comportamento cada vez mais usual entre as famílias de comer fora de casa. Há 10 meses investiu R$ 6 milhões para implantação de uma divisão voltada apenas para o fornecimento de carnes bovinas e derivados para o segmento de food service. “De lá para cá quadruplicamos o número de clientes que passou de 500 para os atuais 2 mil na Grande BH. Em um ano, esperamos chegar a quatro mil”, estima Cássio Silva, diretor de negócios da Plena Alimentos. Para atender a uma carteira de compradores cada vez mais exigente, a empresa prepara novo aporte de R$ 3,5 milhões voltado para desenvolvimento de novos produtos. “Esperamos que o faturamento do mercado de food service, hoje equivalente a 10%, chegue a 40% em dois anos”, afirma.
De “boca cheia” Mercado não deve faltar. Há dois meses, o empresário Leonardo Marques inaugurou o serviço de comida a quilo no Boteco da Carne, estabelecimento que até então funcionava apenas à noite. “Sem nenhuma propaganda já atingimos, em 60 dias, a capacidade máxima de refeições servidas diariamente”, conta o sócio da casa e dos restaurantes Costelaria Monjardim e Gonzaga Butiquim. São, em média, 200 pratos vendidos diariamente. “O que nos motivou a oferecer o self-service foi o necessidade de crescimento e a oportunidade de atender a forte demanda deste mercado”, explica Leonardo.
Novos investimentos estão na lista para os próximos dois anos. “Queremos abrir um restaurante com buffê no Belvedere. Estimamos aporte de pelo menos R$ 2 milhões”, prevê Leonardo. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Bares de Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel Minas), um estabelecimento voltado para food service é aberto a cada três dias na Grande BH. “O número de empresas hoje soma 12 mil na região metropolitana com taxa de crescimento anual de 1% a 2%”, calcula Lucas Pêgo, diretor-executivo da associação.
Mercado promissor
O grande potencial do setor é o que motiva novos investimentos. “Dos gastos dos brasileiros com alimentação, 31% são destinados a alimentação fora de casa. Nos Estados Unidos, este percentual é de 48%”, afirma Pêgo. Em Minas Gerais, os gastos são ainda menores que a média nacional, ficando em 29,1%, o que garante mais espaço para expansão.
De olho neste movimento, a Rede Gourmet, grupo que agrega nove estabelecimentos em BH, abriu há dois meses uma nova unidade da Pizzaria Olegário, desta vez na Savassi. “Acabamos de investir cerca de R$ 400 mil na segunda filial da Olegário Express. No início, vendemos de 50 a 60 pratos por dia. Agora, chegamos a 150”, afirma o diretor de operação, Pedro Martins da Costa. “Já estamos chegando no limite da casa para serviço de almoço”, acrescenta o empresário. O resultado foi alcançado em tempo recorde. “A nossa estimativa é de que chegaríamos a este volume em seis meses, mas aconteceu na metade do tempo”, observa Pedro.
Indústria mostra apetite
Varejo animado garante boas perspectivas para a indústria. Depois de dois meses de queda, o Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (ICEI-MG) voltou a registrar crescimento em agosto, na comparação com julho. A expansão de 1,7 ponto no ICEI-MG, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) divulgado pela Fiemg foi impulsionado, em grande medida, pelas expectativas otimistas para os próximos seis meses que passaram de 56,4 pontos em julho para 58,4 em agosto, apesar de ainda abaixo dos 60,7 pontos registrado em agosto do ano passado. “No mês de julho já foi observada uma melhora na produção depois de três meses de queda”, avalia a economista da Fiemg Annelise Rodrigues Fonseca.
Em agosto, o índice de produção chegou a 53,3 contra 47,3 pontos em julho. A alta impactou positivamente o emprego, que, apesar de se manter abaixo dos 50 pontos – o que configura pessimismo – registrou melhora ao passar de 46,5 pontos para 48,4. “Pela primeira vez desde abril de 2011, os estoques fecharam de acordo com as expectativas dos empresários que vinham acumulando produtos de forma indesejada”, afirma Annelise. O nível de estoques caiu para 47,4 pontos contra 50,9 em julho, depois de oito meses de estabilidade.
Retomada Ainda que a confiança tenha saído de 52,1 pontos para 53,8, Annelise acredita ainda ser cedo para que o cenário seja considerado de retomada. “É arriscado falarmos que configura um momento de reversão da tendência de queda da confiança que vem desde 2010”, alerta. Segundo análise da especialista, seriam necessários pelo menos de três a quatro meses de manutenção da confiança em alta, para que se consolide o novo momento para a indústria nacional. Em Minas, o empresário se mostra mais cauteloso que a média brasileira. Enquanto o índice mineiro soma 53,8 pontos, o nacional chega a 54,5.
As perspectivas também são otimistas quanto ao crescimento da demanda por produtos (58,3 pontos) e para as exportações (55,7 pontos). A melhora nas expectativas está também na expansão da compra de matéria-prima (56 pontos) e no aumento das contratações (51,4 pontos). (PT)