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Estado de Minas

Cinema quer mais projeção e salas cheias

País está entre os 10 do mundo em venda de ingresso e movimenta mais de R$ 1 bi por ano em bilheteria. Desafio, entretanto, é formar plateia e aumentar a oferta de espaços


postado em 26/08/2012 07:56

Complexo do grupo Cinépolis no Shopping Estação, em BH: investimento de R$ 14 milhões da rede mexicana
Complexo do grupo Cinépolis no Shopping Estação, em BH: investimento de R$ 14 milhões da rede mexicana
Movimentando uma bilheteria de R$ 1,5 bilhão ao ano, o Brasil está entre os 10 países do mundo em venda de ingressos para o cinema, mas ainda tem o desafio de crescer a oferta de salas e formar plateias. Nos últimos cinco anos, a tecnologia 3D garantiu a ampliação do setor em uma média de 8% ao ano. O recente crescimento das redes de shopping centers – onde estão 60% das salas do país – também dá impulso extra às projeções. Nos próximos três anos, o número de salas de cinema no Brasil deve atingir a marca de 3.250 unidades, crescimento de 35% em relação ao número atual. Acompanhando a média nacional, em Minas serão 135 salas até 2015.

 Dividido entre os grupos Cineart e Cinemark, que operam nos centros de compras de Belo Horizonte e região metropolitana, o mercado da capital ganhou este mês mais um operador. Com investimento de R$ 14 milhões, a rede mexicana Cinépolis, maior da América Latina, inaugurou seis salas no Shopping Estação. “Estamos atentos a novas oportunidades em Minas, tanto quanto a shoppings que queiram mudar sua operação quanto a novos empreendimentos”, garante o diretor de planejamento da rede, Luiz Gonzaga de Luca. Ele diz que no país há carência de oferta de salas, lembra que a ida ao cinema é definida pela proximidade de casa e aponta que a competição melhora o serviço e faz cair o preço do ingresso.

Em oferta de salas por espectador, o Brasil está bem atrás de países europeus, dos Estados Unidos e dos próprios vizinhos. Enquanto por aqui a média é de uma sala para cada 85 mil espectadores, nos EUA são 7 mil, no México 18 mil, na Itália 15 mil. Na Argentina, são 35 mil espectadores. Apostando nos números, a rede mexicana quer dobrar seus investimentos até 2015.

Para Gonzaga, a frequência do público depende mais do crescimento da oferta que do valor da entrada. Na Grande BH, a média de preços do ingresso fica próxima a R$ 10, valor que com a pipoca pode deixar o programa para os pais e duas crianças próximo aos R$ 80.

O mercado nos próximos anos deve ser sustentado pela expansão dos shoppings e avanços na tecnologia digital, principalmente do cinema 3D, que hoje responde por 35% a 40% das exibições. Outro empurrão para o segmento é a chegada dos grandes operadores no interior. Segundo o gerente geral da Cineart e diretor do Sindicato das Empresas Exibidoras do Estado de Minas, Lúcio Otoni, que detém 70% do mercado em Minas, o interior, antes estagnado e sem investimentos, voltou a receber novas salas. O gerente garante que a modernização do cinema, aliada ao crescimento do mercado no estado em cerca de 15% ao ano, tem impulsionado investimentos. “Com esse crescimento, as empresas estão se sentindo mais seguras e têm investido mais”, diz.

Concorrência

Com crescimento de 40% no ano passado e média de público anual de 4 milhões de pessoas, pode-se dizer que a Cineart está bem na fita. Fora as recentes inaugurações no Minas Shopping e no Boulevard, com seis salas em cada centro de compras, a intenção da rede é inaugurar até o fim do ano quatro salas no Ponteio Lar Shopping. Em 2013, serão sete salas no shopping Monte Carmo, em Betim, e quatro salas no Serra Sul, em Pouso Alegre (Sul de Minas). Hoje, a operadora tem 41 salas de cinema na Grande BH. Com as ampliações previstas, a rede somará 10 complexos com 60 salas em Minas Gerais.

Com 170 salas no Brasil, a rede Cinépolis vai mais que dobrar sua participação em números de sala, saindo de 170 para 350 no país. Já a Cinemark, a maior rede de cinemas do país, conta com 464 salas. Em Minas, atua em BH e Uberlândia. Na capital, são 24 salas e no interior, cinco.


Palavra de especialista
Âncora nos shoppings

Roger Tonidandel, diretor comercial da Tenco Shopping Centers

“O mercado de shopping centers está em franca expansão, impulsionado pela mudança de hábito de consumo da população e também pela menor taxa de juros, que gera mais recursos ao setor imobiliário. Os cinemas, com o conceito multiplex, que compreende várias salas em um só local, são âncoras para os shoppings, que passaram a valorizar muito o entretenimento e o lazer. É difícil pensar em um empreeendimento que não contemple área para cinemas. Em Minas, temos pelo menos seis shoppings em obras. Nos próximos três anos, outros 10 devem ser anunciados, principalmente no interior do estado e nas regiões polo. Em Belo Horizonte, existe a demanda para a chamada sala VIP, que comporta um quarto do público, com poltronas confortáveis, reclináveis e serviços especializados. Não me surpreenderia se um operador, como a Cinemark, anunciar o serviço.”


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