Papagaios - Todos os dias, Joadir Brito Lopes, de 42 anos, sai cedo da modesta casa na Rua Dona Maria, Bairro Miguelão, em Papagaios, Região Central de Minas, para serrar blocos de ardósia em uma das minerações do município. Com o salário que ganha, o operário mantém o orgulho de ser um bom pai para os filhos Vítor, de 7, e Carlos Miguel, de 12. É elogiado pela ex-mulher, a doméstica Fabiana, um pouco mais nova e mãe também de um menino de 1, de novo relacionamento. “Ele é mesmo um bom pai”.
Assim como Joadir e parte dos trabalhadores, o próprio município, a 130 quilômetros de Belo Horizonte, depende, e muito, do bom desempenho da extração, beneficiamento e comercialização da ardósia. O mineral é responsável por 60% da arrecadação de Papagaios, mas já contribuiu mais. E é isso que preocupa empresários e quem vive do salário arrancado da lida diária com a pedra negra, usada principalmente pela construção civil.
O que os deixa apreensivos é a crise europeia. De baixa aceitação no mercado interno – uma das grandes revendas de pedras de BH comercializa, no máximo, um caminhão por ano – o rumo da ardósia é o exterior. Mas as crises globais acabaram afetando a produção na pequena Papagaios. A que começou em 2008 nos Estados Unidos fez um estrago na atividade no fim daquele ano e em quase todos os meses de 2009. “Chegamos praticamente a parar tudo”, conta Valdir Souza Machado, gerente da Mineração Alto Boa Vista (ABV), com sede no município.
A ABV só não fichou as portas porque é dona da área minerada. Empresas que compravam a pedra para beneficiar e vender desapareceram. A Alto Boa Vista, que tem pedras para arrancar do chão pelos próximos 60 anos, não. Apenas esperou o mercado reaquecer para botar homens e máquinas novamente no trabalho de escavar, serrar, polir as peças e embarcá-las.
Mas o desempenho não é mesmo de anos antes das crises. Se já exportou 80 a 90 contêineres de 27 toneladas cada por ano, hoje chega a no máximo 40, segundo Valdir. Dos 240 a 250 funcionários dos bons tempos, hoje há 120. Das três escavadeiras que operavam na mineração, apenas uma dá conta da demanda atual. A ABV, uma das três grandes em atuação no município – já teve oito –, não espera um colapso geral na comercialização, de acordo com o gerente. “Não acreditamos que os efeitos da crise europeia cheguem mais longe”, diz.
IMPACTO NA FONTE O prefeito Mário Reis Filgueiras (PSDB) admite que a receita do município caiu 15%. A participação da ardósia, que já chegou a 80%, hoje oscila em 60%. O resto vem do comércio, da cerâmica (tijolos) e da agropecuária. Mas ele não se desespera. “A cerâmica reduziu o impacto da queda da arrecadação com a ardósia e é a nossa esperança. Dezenove fábricas de tijolos já se instalaram em Papagaios e participam com 20% da receita municipal.
O empresário Alex Sander, do ramo de comercialização de ardósia, não está tão otimista quanto o gerente da ABV e o prefeito. “O desemprego está crescendo em Papagaios e não há investimentos no município. O negócio está a cada dia pior. Não vejo perspectiva de melhora, não sem investimentos.”
Assim como Joadir e parte dos trabalhadores, o próprio município, a 130 quilômetros de Belo Horizonte, depende, e muito, do bom desempenho da extração, beneficiamento e comercialização da ardósia. O mineral é responsável por 60% da arrecadação de Papagaios, mas já contribuiu mais. E é isso que preocupa empresários e quem vive do salário arrancado da lida diária com a pedra negra, usada principalmente pela construção civil.
O que os deixa apreensivos é a crise europeia. De baixa aceitação no mercado interno – uma das grandes revendas de pedras de BH comercializa, no máximo, um caminhão por ano – o rumo da ardósia é o exterior. Mas as crises globais acabaram afetando a produção na pequena Papagaios. A que começou em 2008 nos Estados Unidos fez um estrago na atividade no fim daquele ano e em quase todos os meses de 2009. “Chegamos praticamente a parar tudo”, conta Valdir Souza Machado, gerente da Mineração Alto Boa Vista (ABV), com sede no município.
A ABV só não fichou as portas porque é dona da área minerada. Empresas que compravam a pedra para beneficiar e vender desapareceram. A Alto Boa Vista, que tem pedras para arrancar do chão pelos próximos 60 anos, não. Apenas esperou o mercado reaquecer para botar homens e máquinas novamente no trabalho de escavar, serrar, polir as peças e embarcá-las.
Mas o desempenho não é mesmo de anos antes das crises. Se já exportou 80 a 90 contêineres de 27 toneladas cada por ano, hoje chega a no máximo 40, segundo Valdir. Dos 240 a 250 funcionários dos bons tempos, hoje há 120. Das três escavadeiras que operavam na mineração, apenas uma dá conta da demanda atual. A ABV, uma das três grandes em atuação no município – já teve oito –, não espera um colapso geral na comercialização, de acordo com o gerente. “Não acreditamos que os efeitos da crise europeia cheguem mais longe”, diz.
IMPACTO NA FONTE O prefeito Mário Reis Filgueiras (PSDB) admite que a receita do município caiu 15%. A participação da ardósia, que já chegou a 80%, hoje oscila em 60%. O resto vem do comércio, da cerâmica (tijolos) e da agropecuária. Mas ele não se desespera. “A cerâmica reduziu o impacto da queda da arrecadação com a ardósia e é a nossa esperança. Dezenove fábricas de tijolos já se instalaram em Papagaios e participam com 20% da receita municipal.
O empresário Alex Sander, do ramo de comercialização de ardósia, não está tão otimista quanto o gerente da ABV e o prefeito. “O desemprego está crescendo em Papagaios e não há investimentos no município. O negócio está a cada dia pior. Não vejo perspectiva de melhora, não sem investimentos.”