O aumento expressivo de faculdades no país e a consequente abertura de milhares de vagas no ensino superior tornou ainda mais atraente o mercado nacional de formaturas, como aluguel de becas, salões de festas, bufês e outros. Por outro lado, as empresas que atuam no ramo cobram preços que oscilam até três casas decimais, dependendo da especificidade do produto ou serviço. É o que revela uma pesquisa divulgada ontem pelo site Mercado Mineiro, elaborada entre 17 e 23 de agosto. O estudo mostrou que a maior variação ocorreu no item locação do salão de festas, cujos preços vão de R$ 2 mil a R$ 14,95 mil – diferença de 647,50%.
“Esse tipo de levantamento é importante para que as comissões de formatura façam um planejamento adequado. É essencial ficar de olho na qualidade do serviço e dos produtos. É aquela velha história: a festa é de todos (formandos e empresas contratadas) ou de ninguém. Se de um lado esse mercado em ascendência impulsiona as cifras do setor, de outro também aumenta o risco de comissões de formatura serem enganadas por empresas ou profissionais que não conseguem honrar os serviços e a entrega de produtos contratados”, disse Feliciano Abreu, diretor-executivo do Mercado Mineiro.
Embora não haja uma pesquisa oficial que revele o tamanho do faturamento do setor, os negócios voltados para formandos giram bilhões de reais no país. Para se ter ideia, a Associação dos Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos Sociais (Abrafesta) estima que as empresas do setor, o que inclui todos os tipos de eventos e festas, deverá movimentar R$ 14,8 bilhões em 2012. A cifra é 16% maior do que a apurada em 2011. A empresária Vanilda Fonseca, proprietária da Lirium, especializada em aluguel de becas, reforça que o mercado está aquecido.
Há 25 anos no ramo, ela diz que sua empresa vem crescendo entre 30% e 40% ao ano. Nos meses de dezembro, considerado o ápice desse tipo de negócio, Vanilda conta que, infelizmente, chega a rejeitar cerca de 50% dos pedidos. “E olha que temos mais de 1 mil becas. Quando comecei, havia cinco faculdades em Belo Horizonte. Hoje são dezenas. A quantidade de vagas no ensino (superior) no país cresceu bastante. Também ‘pegou’ todas as classes sociais. A demanda está aquecidíssima.”
Antecipação
Pagar as mensalidades da festa de formatura com antecedência é a melhor saída para que os gastos não pesem tanto no bolso. Natália Bicalho faz parte da comissão de formatura do curso de relações públicas da PUC MG. Sua turma vai se formar em setembro de 2014, mas as prestações da festa começaram a ser pagas em novembro do ano passado.
A celebração vai acontecer no espaço Domus e terá custo de cerca de R$ 150 mil, fora a missa e o convite. A turma de Natália começou a pagar R$ 50 de mensalidade. Hoje o valor está em R$ 70. “O combinado é de aumentar
R$ 20 a cada seis meses”, diz. Ela estima que nas proximidades da festa a mensalidade chegue a cerca de R$ 150. Mas o dinheiro desembolsado pelos alunos não vai ser suficiente para pagar toda a festa. O resto da verba vai ser arrecadado com vendas de rifas, festival de tortas (onde cada aluno leva uma torta e vende no intervalo das aulas) e brindes.
Empresários também comemoram
Depois dos salões de festas, dois serviços tiveram maior variação de preços, segundo a pesquisa do site Mercado Mineiro. O de sonorização de banda completa oscilou 400%, de R$ 500 a R$ 2,5 mil. O mesmo percentual foi apurado no item iluminação de ambiente, de R$ 10 a R$ 50 pelo refletor PAR. Produto indispensável nas formaturas, os convites também têm custos bem diferentes, com o menor preço a R$ 10 e o maior a R$ 38 – diferença de 280%. A pesquisa completa pode ser conferida no site www.mercadomineiro.com.br.
A turma de Letícia Contarini, do Colégio Magnum Buritis, vai se formar no ensino médio em dezembro deste ano. A festa também vai acontecer no salão de festa Domus. A mensalidade dos alunos para os gastos da festa começou a ser paga mais tarde, no início deste ano. Cada aluno desembolsa cerca de R$ 140 por mês (em 12 parcelas) para ter direito a seis convites para a festa, o que significa que cada convite para o baile vai custar R$ 280. “Como são 44 pessoas na sala, o valor não ficou tão alto”, diz Letícia. Para complementar a verba, a turma arrecadou dinheiro com festas, como a junina. “Ainda tem os gastos com vestido e sapato, mas não sei quanto vai ser, pois não olhei ainda”, afirma a estudante.
O engenheiro André de Oliveira Pereira Pawlowski formou-se em engenharia civil na UFMG neste ano. Ele era da comissão de formatura e conta que, no total, a turma gastou cerca de R$ 282 mil com o baile, que aconteceu no Mix Garden, colação de grau e missa. Os 56 alunos da turma pagaram mensalidade à comissão durante 22 meses. “O valor médio do plano padrão era de R$ 150 por mês”, conta. Para complementar o orçamento, a turma fez algumas festas e vendeu duas rifas: uma de um fusca repleto de latas de cerveja e outra de um fim de semana com acompanhante em uma pousada em Ouro Preto. No final das contas, ainda sobrou R$ 12 mil no caixa. O dinheiro foi usado para os álbuns de fotografia dos formandos.