Brasília – Com a missão de impulsionar a economia por meio da política monetária e da expansão do crédito, o Banco Central se preparara para cortar os juros básicos (Selic), hoje, em 0,5 ponto percentual. O ajuste, caso se confirme, levará a taxa dos atuais 8% ao ano para 7,5% – a nona queda seguida desde agosto do ano passado. Na ponta do lápis, a mudança será um alívio pequeno neste mês: apenas 0,65% de queda para o consumidor que precisar de financiamento. Em 12 meses, porém, as famílias foram beneficiadas com uma queda mais expressiva, o crédito ficou 18,24 pontos percentuais mais barato desde agosto do ano passado.
Os dados são da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) e mostram ainda que, de todas as linhas de financiamento, apenas o rotativo do cartão de crédito ignorou a queda da Selic no último ano e praticamente não se alterou, em cerca de 230% ao ano. Com o possível ajuste de hoje em 0,5 ponto percentual na taxa básica – como aposta a maior parte do mercado financeiro –, o juro médio anual deve passar de 103,89% para 102,97%. Uma queda considerada pequena por Miguel Oliveira, coordenador de estudos econômicos da Anefac. Segundo ele, a transmissão para a economia real é lenta.
A redução da taxa básica de juros, seja qual for, terá pouco impacto nas operações de crédito. Isso ocorre porque existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e os juros cobrados dos consumidores, uma diferença de mais de 1.000%”, argumentou o economista. Para quem deseja economizar um pouco nas prestações, entrentanto, principalmente em financiamentos mais longos, especialistas alertam que pode valer a pena esperar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) antes de tomar crédito. Desde o ano passado, a cada movimento de queda na taxa, os bancos anunciaram, ou no mesmo dia, ou na mesma semana da decisão, reduções nos custos dos seus financiamentos. O consumidor precisa lembrar, porém, que apesar da maioria dos analistas acreditar em uma queda, nunca é possível prever os movimentos do BC com exatidão.
Mais barato No caso de um financiamento de um veículo parcelado em 60 meses, segundo uma simulação feita pela Anefac, a economia pode chegar a R$ 406,59 ao fim do financiamento. Uma redução de custo que só ocorrerá caso o BC confirme, hoje, o corte de mais 0,5 ponto percentual na Selic. Em outras operações, a diferença já não é tão expressiva, a exemplo de uma geladeira de R$ 1,5 mil parcelada em 12 vezes no crediário. Após essa queda da Selic a economia será de apenas R$ 4,53.
O estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno, é um dos especialistas que acredita em uma redução de 0,5 ponto percentual. Um movimento que, segundo ele, se explica pela comunicação do Banco Central na ata da última reunião do Copom, em julho. No documento, a instituição afirma que “qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia”. Rostagno entendeu a frase como um sinal de que o BC manterá o ritmo de corte, como tem feito seguidamente desde agosto de 2011. Ele, porém, tem dúvidas apenas em relação a reunião de outubro. Para o economista ainda faltam informações para dizer se o BC continuará ou não a cortar. “Avaliamos que o Banco Central vai proceder com maior cautela após esta reunião”, disse. “Deve sinalizar para o mercado que o prolongamento do ciclo de afrouxamento monetário, até a reunião de outubro, dependerá da evolução, tanto da atividade econômica doméstica quanto do cenário internacional”, observou.
Otimismo com o IPI
Brasília – Os fabricantes de geladeiras, fogões e outros eletrodomésticos estão confiantes na renovação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para os produtos da chamada linha branca. Depois de uma longa reunião ontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, representantes do setor mostraram-se confiantes na possibilidade do governo anunciar na sexta-feira a extensão do benefício. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, disse que apesar de o ministro não ter prometido a renovação, o setor mostrou a importância da redução do IPI para o aumento de vendas e do emprego.
Barbato disse que a indústria demonstrou, com números, que houve repasse do incentivo para os preços dos produtos. Segundo o executivo, houve um aumento de 8,5% nas vendas do segmento no primeiro semestre deste ano na comparação com igual período do ano passado, enquanto o setor eletroeletrônico, como um todo, teve uma queda de vendas de 10% no período. “Imagina se não tivéssemos desoneração. A queda do setor todo teria sido maior”, afirmou. O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, que também participou do encontro, disse que a renovação do benefício é importante para a manutenção dos empregos e das vendas. O setor defende a extensão do benefício até o fim do ano.
Outros setores
Empresários dos setores de material de construção, móveis e varejo foram mais cautelosos. O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz, disse que Mantega recebeu um balanço de todas as entidades e avisou que vai fazer uma análise dos dados antes de tomar uma decisão.
Nesse segmento de material de construção, o problema, no curto prazo, é de financiamento, já que a redução de IPI tem validade até 31 de dezembro. Conz informou que o setor também pediu ao governo a inclusão de mais 50 itens na lista de produtos desonerados, mas o ministro ainda não decidiu sobre essa ampliação.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez, pediu a prorrogação da redução do IPI até o fim do ano. Para móveis, o benefício vale até 30 de setembro. Segundo ele, o setor tem apresentado crescimento nas vendas e a medida funcionou durante a sazonalidade e ajudou a manter o faturamento. Fernandez disse que o setor tem aumentado o número de empregos. Segundo ele, foram abertas entre 4.000 e 4.500 novas vagas neste ano até julho. “Nós mostramos que o mercado é sensível às melhorias que são feitas”, afirmou.
Os dados são da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) e mostram ainda que, de todas as linhas de financiamento, apenas o rotativo do cartão de crédito ignorou a queda da Selic no último ano e praticamente não se alterou, em cerca de 230% ao ano. Com o possível ajuste de hoje em 0,5 ponto percentual na taxa básica – como aposta a maior parte do mercado financeiro –, o juro médio anual deve passar de 103,89% para 102,97%. Uma queda considerada pequena por Miguel Oliveira, coordenador de estudos econômicos da Anefac. Segundo ele, a transmissão para a economia real é lenta.
A redução da taxa básica de juros, seja qual for, terá pouco impacto nas operações de crédito. Isso ocorre porque existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e os juros cobrados dos consumidores, uma diferença de mais de 1.000%”, argumentou o economista. Para quem deseja economizar um pouco nas prestações, entrentanto, principalmente em financiamentos mais longos, especialistas alertam que pode valer a pena esperar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) antes de tomar crédito. Desde o ano passado, a cada movimento de queda na taxa, os bancos anunciaram, ou no mesmo dia, ou na mesma semana da decisão, reduções nos custos dos seus financiamentos. O consumidor precisa lembrar, porém, que apesar da maioria dos analistas acreditar em uma queda, nunca é possível prever os movimentos do BC com exatidão.
Mais barato No caso de um financiamento de um veículo parcelado em 60 meses, segundo uma simulação feita pela Anefac, a economia pode chegar a R$ 406,59 ao fim do financiamento. Uma redução de custo que só ocorrerá caso o BC confirme, hoje, o corte de mais 0,5 ponto percentual na Selic. Em outras operações, a diferença já não é tão expressiva, a exemplo de uma geladeira de R$ 1,5 mil parcelada em 12 vezes no crediário. Após essa queda da Selic a economia será de apenas R$ 4,53.
O estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno, é um dos especialistas que acredita em uma redução de 0,5 ponto percentual. Um movimento que, segundo ele, se explica pela comunicação do Banco Central na ata da última reunião do Copom, em julho. No documento, a instituição afirma que “qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia”. Rostagno entendeu a frase como um sinal de que o BC manterá o ritmo de corte, como tem feito seguidamente desde agosto de 2011. Ele, porém, tem dúvidas apenas em relação a reunião de outubro. Para o economista ainda faltam informações para dizer se o BC continuará ou não a cortar. “Avaliamos que o Banco Central vai proceder com maior cautela após esta reunião”, disse. “Deve sinalizar para o mercado que o prolongamento do ciclo de afrouxamento monetário, até a reunião de outubro, dependerá da evolução, tanto da atividade econômica doméstica quanto do cenário internacional”, observou.
Otimismo com o IPI
Brasília – Os fabricantes de geladeiras, fogões e outros eletrodomésticos estão confiantes na renovação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para os produtos da chamada linha branca. Depois de uma longa reunião ontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, representantes do setor mostraram-se confiantes na possibilidade do governo anunciar na sexta-feira a extensão do benefício. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, disse que apesar de o ministro não ter prometido a renovação, o setor mostrou a importância da redução do IPI para o aumento de vendas e do emprego.
Barbato disse que a indústria demonstrou, com números, que houve repasse do incentivo para os preços dos produtos. Segundo o executivo, houve um aumento de 8,5% nas vendas do segmento no primeiro semestre deste ano na comparação com igual período do ano passado, enquanto o setor eletroeletrônico, como um todo, teve uma queda de vendas de 10% no período. “Imagina se não tivéssemos desoneração. A queda do setor todo teria sido maior”, afirmou. O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, que também participou do encontro, disse que a renovação do benefício é importante para a manutenção dos empregos e das vendas. O setor defende a extensão do benefício até o fim do ano.
Outros setores
Empresários dos setores de material de construção, móveis e varejo foram mais cautelosos. O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz, disse que Mantega recebeu um balanço de todas as entidades e avisou que vai fazer uma análise dos dados antes de tomar uma decisão.
Nesse segmento de material de construção, o problema, no curto prazo, é de financiamento, já que a redução de IPI tem validade até 31 de dezembro. Conz informou que o setor também pediu ao governo a inclusão de mais 50 itens na lista de produtos desonerados, mas o ministro ainda não decidiu sobre essa ampliação.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez, pediu a prorrogação da redução do IPI até o fim do ano. Para móveis, o benefício vale até 30 de setembro. Segundo ele, o setor tem apresentado crescimento nas vendas e a medida funcionou durante a sazonalidade e ajudou a manter o faturamento. Fernandez disse que o setor tem aumentado o número de empregos. Segundo ele, foram abertas entre 4.000 e 4.500 novas vagas neste ano até julho. “Nós mostramos que o mercado é sensível às melhorias que são feitas”, afirmou.