O aumento de 3,17% nos preços dos alimentos em julho puxou a alta de 0,54% no Índice de Preços a Produtor (IPP) no mês passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A atividade teve uma contribuição de 0,62 ponto porcentual no indicador. No entanto, não houve uma onda generalizada de aumentos. Apenas quatro produtos foram responsáveis pelo resultado, influenciados, sobretudo, pela quebra na safra da soja nos Estados Unidos e por elevações de preços no mercado externo.
"A safra de soja nos EUA não está indo muito bem, então isso se reflete na produção brasileira. Fica mais interessante ao produtor vender esse produto para o exterior, na cotação internacional", explicou Cristiano Santos, técnico da Coordenação de Indústria do IBGE.
Em julho, ficaram mais caros as tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de soja, mas também o açúcar refinado de cana e a farinha de trigo. "O açúcar refinado e a farinha de trigo têm trajetória muito parecida (com a soja). O mercado internacional está bastante aquecido também, o que faz com que os preços se apresentem maiores que os de junho", explicou Santos.
O leite esterilizado/UHT/Longa Vida também contribuiu para o aumento na atividade, devido a reajustes sazonais de contratos já firmados. "Se olharmos a variação de todos os produtos (do setor) de alimentos que tivemos em julho, vamos ver que cerca de 70% desses produtos tiveram variação negativa. Isso significa que, apesar desse impacto muito grande de alimentos na taxa, o aumento está concentrado em cerca de 30% dos produtos, sendo que esses quatro (soja, açúcar, farinha de trigo e leite) são fundamentais", ressaltou o técnico do IBGE.
Entretanto, mesmo com a aceleração no ritmo de aumento do setor de alimentos (de 2,22% em junho para 3,17% em julho), houve redução na taxa de variação do IPP no período (de 1,11% para 0 54%). O encarecimento dos produtos alimentícios foi contrabalançado, sobretudo, pela deflação em outros produtos químicos (2,62%). O preço da nafta caiu no mercado externo, o que tornou mais baratos produtos derivados. "A nafta tem despencado no mercado internacional, por menor demanda. A China tem demandado menos, o que acaba por afetar o preço da nafta também aqui no Brasil", completou Cristiano.
No geral, a avaliação é de que a variação no IPP tem sofrido influência de choques externos. "Há influência (no IPP) do cenário internacional, seja por formação de preço, por problemas de clima ou pela demanda mundial. Tem também a variação do dólar que influencia no IPP acumulado no ano (5,08%). Foi algo como 12,8% de depreciação do dólar no ano".