O diretor do departamento econômico do Bradesco, Octávio de Barros, afirmou, nesta quinta-feira, que o Banco Central pode ter encerrado o ciclo de cortes da Selic, iniciado em 31 de agosto do ano passado, após ter reduzido a taxa básica na quarta-feira em mais 0,50 ponto porcentual, para 7,5%. "Há 60% de chances disso ter ocorrido e 40% de probabilidade de que o BC vá diminuir a Selic em mais 0,25 ponto porcentual na reunião do Copom de outubro", destacou.
O comunicado divulgado ontem pelo BC após a reunião do Copom afirma que "Considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a comportar um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia." O termo "máxima parcimônia" está sendo interpretado por especialistas como o fato de que o BC não vai mais cortar os juros e, caso isso ocorra, será uma redução de 0,25 ponto porcentual.
Câmbio
Na avaliação do executivo, a desaceleração do nível de atividade da China deve crescer 7,5% neste ano e em 2013. "A economia do Brasil está muito relacionada com o desempenho daquele país. Se a China crescer 6%, o câmbio no Brasil chegará em R$ 2,20, no mínimo", ponderou.
Para Barros, a crise internacional foi responsável por 80% da desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil nos últimos 12 meses. Segundo ele, em função da redução do ritmo vigoroso da demanda agregada mundial, ele acredita que as exportações do País registrarão um crescimento nulo neste ano.
Zona do euro
Para o executivo, uma ação do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, é fundamental para que ocorra uma melhora substancial da situação econômica da zona do euro no curto prazo.
"O único agente que pode virar o jogo na Europa é o presidente do BCE", destacou. "Ele não está para brincadeira", afirmou ao ressaltar a defesa vigorosa de Draghi para que a instituição atue para auxiliar as economias com maiores problemas econômicos como Espanha e Itália.
Segundo Barros, a atuação de Draghi pode até levar à renúncia do representante da Alemanha dentro do BCE, o que seria o terceiro fato nessa linha registrado nos últimos anos. Os comentários foram feitos em apresentação do 20ºCongresso da Apimec, que está sendo realizado em São Paulo.