A expectativa do mercado brasileiro de saúde suplementar é repetir, este ano, o mesmo percentual de aumento da receita experimentado no ano passado, em comparação a 2010, da ordem de 11,5%, quando alcançou R$ 84,1 bilhões, disse hoje José Cechin, diretor executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade que reúne seguradoras e operadoras de planos de saúde.
“É um ano que se mantém com emprego aquecido, nível de desemprego mais baixo dos últimos anos e esse é um ambiente favorável a que as pessoas busquem planos de saúde. Por isso, eu acho que vai ser um ano muito positivo em termos de crescimento de beneficiários e das receitas também,sem dúvida”, declarou.
Atualmente, os planos de saúde, englobando planos médicos e odontológicos, somam 65,1 milhões de beneficiários no Brasil, o que corresponde a um quarto da população. “De cada 100 pessoas, 25 hoje têm plano de saúde e 8% têm planos exclusivamente odontológicos”. Do total de beneficiários, quase 24 milhões pertencem a operadoras de planos filiados à FenaSaúde, ressaltou.
Cechin fez palestra para empresários do Clube Vida em Grupo, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, e destacou que nos últimos sete a oito anos a média de crescimento do número de beneficiários de planos de saúde tem sido em torno de 5%.
Para o diretor da FenaSaúde, a ascensão das classes D e E à classe média tem contribuído para o aumento do número de beneficiários dos planos de saúde. Esclareceu que o grande crescimento vem dos planos empresariais. “Com a atividade econômica acelerada, o desemprego muito baixo e com os salários crescentes, as empresas têm que disputar mão de obra. E oferecer planos de saúde é um instrumento para atrair bons quadros e retê-los nas suas empresas”, disse.
O movimento de interiorização dos planos, saindo das regiões metropolitanas, na avaliação do diretor, é outro sinal que vem sendo registrado nos últimos anos e que favorece a ampliação do número de beneficiários. Por regiões brasileiras, Cechin chamou a atenção para a expansão da taxa de cobertura dos planos privados de assistência médico-hospitalar verificada na Região Norte, que passou de 4,5%, em março de 2000, para 11%, em março de 2012. “Foi a [região] que mais subiu”. Ele Avaliou que o aumento acompanhou a taxa de crescimento do emprego, que foi a “mais intensa”, no país. No Brasil, a taxa de cobertura evoluiu de 17,85 para 25,1% no período.
Sobre a atuação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na regulação do setor, Cechcin disse que a ANS tem sido “dinâmica” na produção de normas e que, em função disso, as operadoras de planos de saúde estão em processo de absorção das normas baixadas pela agência “em grande quantidade”. Sem querer entrar no mérito se as normas foram positivas ou adequadas, ele admitiu que a adaptação às novas normas onera o setor. “Tem que rever contratos, assinar aditivos, alterar sistemas, treinar pessoas, além dos custos assistenciais que, eventualmente, a norma possa acarretar”.
O diretor da FenaSaúde também falou sobre os reajustes definidos pela ANS para os planos individuais que, segundo ele, não são suficientes para repor as despesas desse conjunto de planos. Já o aumento dos planos coletivos é definido pelo mercado, entre a empresa e a operadora. “É um acerto entre duas entidades jurídicas”.
Cechin discordou da classe médica, que alega que os honorários pagos aos médicos conveniados têm sido inferiores aos reajustes dos planos. Segundo ele, o reajuste das consultas pagas pelas operadoras filiadas à FenaSaúde atingiu 72% entre 2005 e 2011, ante uma inflação acumulada no período pelo Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) de cerca de 42%. “Houve um ganho real, expressivo, no valor médio das consultas”, ressaltou.