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Estado de Minas

Agropecuária sustenta alta da economia

Avanço de 4,9% na atividade rural e de 0,7% nos serviços compensa retração de 2,5% na indústria e segura a economia entre abril a junho em relação ao primeiro trimestre


postado em 01/09/2012 06:00 / atualizado em 01/09/2012 07:05

Depois de recuar 8,5% nos três primeiros meses do ano, a agropecuária deu uma guinada no segundo trimestre, recuperando parte das perdas. Com variação positiva de 4,9% no volume do valor agregado, o setor figurou entre os principais responsáveis pela ligeira reação do PIB no segundo trimestre. Serviços por sua vez avançou 0,7%, ficando por conta da indústria o efeito negativo com a retração de 2,5% no período.

Apesar de responder por apenas 5,5% da composição do PIB, a agropecuária exerceu importante papel no avanço da economia sob a ótica da produção. Em análise, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avalia que o resultado foi impulsionado pelo desempenho de safras relevantes no segundo trimestre, que, além de crescimento nas estimativas de produção anual, ainda apresentaram elevação da produtividade. “Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE – julho 2012), divulgado erm agosto, esse é o caso, por exemplo, do milho (27,0%), do café (4,9%) e do algodão (4,9%).”

As perspectivas são de que o setor continue exercendo pressões positivas nos próximos balanços trimestrais. “O IBGE identificou contribuições positivas do milho, café e algodão, mas dados mais recentes mostram que houve uma melhoria significativa na safra da soja e que ainda não foi percebido pelo levantamento”, observa João Ricardo Albanez, superintendente de política e economia agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais. “Não temos entrada de nenhum outro país na produção e os estoques estão muito baixos. Por isso acreditamos que a agricultura irá continuar contribuindo positivamente”, acrescenta.

O impulso nos preços das commodities vem principalmente da quebra da safra de grãos nos Estados Unidos. Estimativas revelam que as perdas na produção do país chegam a quase 20% do volume total a ser colhido. Segundo avaliação da economista do Itaú Unibanco Giovanna Siniscalchi, a escalada dos custos deve permanecer. “A demanda de soja segue forte, mesmo com a alta de preços nos últimos meses. Diante do choque de oferta nos EUA e a oferta limitada no Brasil e na Argentina, no atual ritmo da demanda, os estoques globais não vão durar até o início da colheita na América do Sul, em meados de fevereiro. Portanto, os preços terão de subir para racionar suficientemente a demanda global”, avalia a especialista. O que revela perspectivas positivas para o setor pelo menos até a primeira metade de 2013.

Com participação de 60% sobre a composição do PIB, o consumo das famílias continuou sendo a mola propulsora do crescimento nacional no segundo trimestre sob a ótica da demanda. Apesar de ter registrado desaceleração – ao registrar variação de 0,5% frente ao primeiro trimestre – diante da expansão de 0,9% de janeiro a março, a despesa soma 2,5% de alta nos 12 meses encerrados em junho, mais que o dobro da alta de 1,2% acumulada pelo PIB no mesmo período.

REFORÇO O valor adicionado de Serviços cresceu 1,5% no segundo trimestre do ano na comparação com o mesmo período do ano anterior. À exceção de Transporte, armazenagem e correio, onde houve queda de 0,6%, as demais atividades que o compõem registraram variações positivas. No acumulado de 12 meses, o setor soma variação positiva de 1,6%, ficando a frente inclusive da agropecuária, com 1,5%.

A despesa de consumo da administração pública, com alta de 1,1% no segundo trimestre frente ao primeiro, também ajudou a elevar o crescimento do país. Em grande medida, motivada pelo aumento de gastos com folha de pagamento e eleições, além das desonerações.

 

Investimentos registram queda

 

O calcanhar de aquiles da economia brasileira continua sendo os investimentos. A taxa de aportes medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) recuou 0,7% no segundo trimestre frente ao primeiro, na quarta retração trimestral consecutiva. Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda foi de 3,7%. Na avaliação do economista da Austin Rating Felipe Queiroz, o resultado se explica pela retração na produção doméstica de máquinas e equipamentos.

“Devido ao elevado nível de estoques e pelo agravamento da crise mundial, que tem retraído constantemente a confiança dos investidores”, pondera. Com as sucessivas retrações, a taxa de investimento sobre o PIB ficou em 17,9% no segundo trimestre, inferior ao registrado em igual período do ano anterior, de 18,8%. “Está muito aquém do nível esperado de 25% e registrado em economistas emergentes como China, com 48% e Índia, 34%”, avalia.

A manutenção do desequilíbrio na balança comercial brasileira também contribuiu para o baixo crescimento do PIB. Ante o primeiro trimestre, a retração das exportações foi de 3,9%, principalmente de itens manufaturados para a Argentina. Segundo cálculos do economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, as vendas para o vizinho caíram cerca de 40% depois que o governo de Cristina Kirchner se tornou mais radical. Para Fernand Consorte, economista do Santander, a América Latina como um todo ajudou a aprofundar o cenário de retração. “A contribuição do setor externo foi negativa devido à fraca demanda externa por produtos manufaturados, especialmente motivado pela desaceleração da atividade na América Latina”, avaliou.

Nas fábricas  Nas Indústrias  (-2,5%), três das quatro atividades registraram taxas de variação negativas. Destaque para a queda de 2,5% observada na indústria de transformação, seguida por extrativa mineral (-2,3%) e pela construção civil (-0,7%). Já em eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, houve crescimento de 1,6%. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o setor voltou a registrar taxa negativa (-2,4%) depois de estabilidade no primeiro trimestre do ano.

O destaque ficou por conta da indústria de transformação, com queda de 5,3% influenciada, principalmente, pela redução da produção de materiais eletrônicos e equipamentos de comunicações; veículos automotores; artigos do vestuário e calçados; produtos farmacêuticos; e máquinas e materiais elétricos. (PT e VM)


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