O presidente do Federal Reserve de Atlanta, Dennis Lockhart, afirmou neste sábado que muitos participantes do mercado financeiro interpretaram o discurso feito na última sexta-feira pelo presidente do banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, como um sinal de que o Fed vai agir em breve para fornecer novos estímulos para a economia norte-americana. Mas ele alertou contra essa interpretação.
Segundo Lockhart, o discurso de Bernanke durante a conferência anual de Jackson Hole foi uma tentativa de "fazer um balanço". Para o presidente da distrital de Atlanta, Bernanke disse que novas medidas de estímulo "poderiam ajudar". "Eu acho que alguém a imprensa ou especialistas, ou observadores, podem ler demais no discurso, interpretando-o como um indício de que Bernanke favorece novas ações. Eu não acho que Bernanke assinalou ou indicou uma direção particular", explicou Lockhart.
Ele reconheceu que indicadores recentes sobre a economia dos EUA têm vindo melhor do que o esperado. Mas acrescentou que isso "não é um assunto decisivo, ou um fator decisivo". "Isso não muda minha visão de que nós estamos em um ritmo de crescimento muito lento", comentou. Lockhart tem poder de voto este ano no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
Segundo ele, a taxa de crescimento em torno de 2% observada nos EUA recentemente não é forte o suficiente para reduzir a taxa de desemprego para perto do nível de pleno emprego em um período de tempo razoável. Para Lockhart, a questão determinante é se novos estímulos do Fed podem alterar essa tendência. "Essa é uma questão muito difícil. Eu não estou inteiramente confiante na habilidade de uma ação monetária simples levar a economia para um caminho diferente".
Lockhart abordou também a questão do chamado "abismo fiscal" (fiscal cliff) nos EUA, os cortes de gastos e aumentos de impostos automáticos que serão adotados automaticamente se a Casa Branca e o Congresso não chegarem a um acordo para conter o déficit orçamentário até o fim do ano. "A verdade é que muita coisa precisa ser resolvida no âmbito fiscal para criar as condições, teoricamente, nas quais novas ações monetárias possam realmente impulsionar a economia".